quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O MANÍACO DA TESOURA

Enquanto estuprava, ele gostava de retalhar suas vítimas com uma tesoura, uma chave de fenda e um alicate
 
Um dos crimes que mais aterrorizou as mulheres de Itu no final dos anos oitenta, não aconteceu nesta cidade. Mas, foi perto, em Cabreúva, cidade vizinha.
Já se passaram 26 anos, mas muitas pessoas ainda não se esqueceram daquele homem. E muito menos do que ele fez.
Uma tesoura, uma chave de fenda e um alicate. Nas mãos de uma pessoa comum, esses utensílios seriam apenas ferramentas de trabalho. Mas, nas mãos de Dionísio Moraes de Araújo, esses instrumentos transformavam-se em um mortífero arsenal, usado para torturar, mutilar e estuprar.
Foi em uma fria manhã do dia 8 de junho de 1989, que aconteceu o primeiro crime.
Uma mulher de 25 anos passava por uma rua ainda deserta de Cabreúva, indo em direção ao trabalho, quando foi abordada por um elemento desconhecido.
O individuo tinha um olhar sinistro que expressava pura maldade. Nas mãos, trazia uma tesoura e uma chave de fenda. Ameaçando retalhá-la ali mesmo, caso gritasse ou não fizesse o que ele mandasse, o maníaco obrigou a mulher a entrar com ele em um matagal das imediações.
Implorando para não ser morta, a mulher obedeceu. No matagal, ele mandou ela tirar as roupas, deixando evidente que pretendia violentá-la.
Para terror da vítima, um alicate surgiu nas mãos do maníaco, aumentando ainda mais seu bizarro arsenal.
Dominado por um desejo sádico e doentio, o psicopata passou a estuprar a mulher indefesa das mais variadas formas. Em dado momento, desferiu uma tesourada nas costas dela. Depois outra, que foi seguida por uma perfuração de chave de fenda. A dor deixava o maníaco cada vez mais excitado e foi por isso, que ele arrancou vários pedaços da carne da mulher com um alicate.
A tortura parecia não ter fim. Ela implorava por socorro enquanto era estuprada e mutilada pelo demente.
Quando finalmente chegou ao clímax de seu prazer doentio, o maníaco abandonou a mulher toda ensanguentada com o corpo mutilado no meio do mato e foi embora.
Apesar do deplorável estado físico e emocional, a mulher sobreviveu, graças aos caprichos do próprio maníaco, que gostava de abandonar as vítimas aterrorizadas após seu ataque.
O crime horrendo abalou a cidade de Cabreúva e a cidade de Itu, afinal, o maníaco poderia ser de qualquer lugar das proximidades.
O delegado daquela cidade, Doutor Antônio Góes Filho, reuniu sua equipe da Policia Civil e passou a investigar o caso. Prender o criminoso era a prioridade da polícia.
Três semanas depois do bárbaro crime, o maníaco voltou a atacar.
Era dia 29 de junho.
Naquele dia, uma moça de 21 anos foi encontrada ensanguentada em um matagal com várias mutilações no corpo. Havia sido estuprada e torturada pelo maníaco, que já estava sendo chamado de “A Besta de Cabreúva”.
O delegado Góes intensificou as investigações junto com sua equipe, e depois de muito procurar o suspeito pela cidade, decidiu vasculhar as chácaras nos arredores de Cabreúva.
Foi em uma delas, a chácara Bougaville, que os investigadores e o delegado avistaram um elemento que batia com a descrição do suspeito procurado.
Assim que se aproximaram do individuo para uma averiguação, ele ficou apreensivo, visivelmente nervoso e, antes que pudesse ser interrogado, saiu em disparada, em direção a um matagal existente nas proximidades.
Os policiais conversaram com a mulher do suspeito e conseguiram uma foto dele, que posteriormente foi apresentada para as duas vítimas. Foi reconhecido imediatamente.
O maníaco Dionísio Moraes de Araújo tinha 30 anos, era amasiado e pai de uma criança de quatro. Trabalhava como caseiro naquela chácara.
Aparentemente era uma pessoa normal. Mas só aparentemente.
Algum tempo depois, a polícia voltou para a chácara e soube que o maníaco também havia retornado.
Sabendo que não poderiam invadir a casa sem um mandado, o delegado Góes veio imediatamente até Itu, e conseguiu um mandado de prisão com o juiz Doutor Antônio Rigolim.
Assim que chegou em Cabreúva, Góes e os policiais arrombaram a porta da casa e prenderam o homem que estava aterrorizando as mulheres daquela cidade.
Após ter sido reconhecido novamente pelas vítimas, agora na delegacia, Dionísio confessou friamente seus crimes e ainda contou que premeditava seus estupros. Ele sabia toda a rotina de suas vítimas.
Ao levantar os antecedentes do maníaco, a polícia descobriu que ele já havia cumprido pena na cidade de Lúbia, por ter praticado o mesmo tipo de crime. Mas, isso não era tudo, Dionísio também era procurado pela policia das cidades de Lucélia e Oswaldo Cruz, onde havia estuprado e mutilado outras mulheres.
A Besta de Cabreúva foi presa em flagrante e como estava sendo acusado de vários crimes, pegou muitos anos de prisão.
Isso foi há 26 anos.
Hoje, se não estiver morto, Dionísio está com 56 anos de idade.
Talvez esteja preso em alguma penitenciária do Estado. Ou quem sabe já esteja solto, vivendo tranquilamente em alguma cidadezinha do interior e andando por aí, com sua chave de fenda, seu alicate e é claro... sua tesoura.
 

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

CAÇADA IMPLACÁVEL

Fortemente armados os policiais estavam determinados a capturar os criminosos, vivos... ou mortos
Faltavam poucos dias para o Natal de 1983.
Era uma madrugada qualquer da segunda semana de dezembro.
Dois caminhões carregados com toneladas de quilos de feijão transitavam pela Rodovia Marechal Rondon, sentido Jundiaí.
Havia acabado de passar da meia noite, quando um dos pneus de um dos caminhões estourou na altura da fazenda Cruz Alta.
O motorista parou para fazer a troca.
Seu companheiro, que estava no caminhão da frente, também parou para prestar auxilio.
Os dois homens estavam terminando a troca de pneu quando um Del Rey se aproximou.
O carro parou ao lado deles.
Quatro homens desceram. Todos armados.
Os dois caminhoneiros foram rendidos, junto com um ajudante que estava em um dos caminhões.
Os quatro homens, que se revelaram ladrões de carga, obrigaram os três trabalhadores a entrar no porta-malas do Del Rey, e os trancaram lá dentro.
Logo em seguida, tomaram posse dos dois caminhões e desapareceram, deixando o Del Rey com os homens trancados naquele local.
Depois de duas horas de sufoco e muita apreensão, as três vítimas conseguiram estourar o porta malas do carro com o pé e se libertaram.
Na pista, pediram carona e foram parar no plantão da Delegacia Central.
Imediatamente, os PMs Zacarias, Roberto, Leonel e Luiz Carlos, colocaram um dos motoristas na viatura e saíram na caçada aos assaltantes.
Patrulharam por um longo período pelas imediações onde o crime ocorreu, mas não encontram nem sinal dos ladrões.
Haviam desaparecido.
Os PMs já estavam dando por encerradas as buscas e estavam longe do local, quando receberam uma informação via rádio, de que próximo da Cruz Alta havia quatro suspeitos em um Fusca e uma Brasília.
Acreditando se tratar dos mesmos ladrões, que por algum motivo teriam retornado ao local do crime, os quatro PMs voltaram até a região da fazenda Cruz Alta.
No local, deram de cara com os dois veículos.
Havia quatro policiais e quatro suspeitos.
Todos estavam armados.
Prontos para matar.
Ou para morrer.
Os suspeitos sacaram primeiro.
Estavam munidos de revolveres calibre 38 e uma cartucheira.
Eram eles: Benedito, de 20 anos, sem residência fixa. José Antonio, de 22 anos, residente em Jundiaí, João de Jesus, de 28 anos, residente em Campo Limpo Paulista e Reginaldo , de 24 anos, também residente em Jundiaí.
Ao serem recebidos a tiros, os PMs revidaram.
Cada suspeito procurou uma trincheira, uma árvore, ou um lugar apropriado para se esconder durante o tiroteio.
A troca de tiros só durou alguns minutos, mas para quem estava no fogo cruzado pareceu uma eternidade.
Em um dado momento, João de Jesus cometeu um erro fatal.
Saiu de seu esconderijo para tentar achar uma posição melhor. Se encontrasse, talvez com muita sorte poderia matar um ou dois PMs.
Ele nunca conseguiu.
Não estava com sorte.
Ao sair de seu esconderijo, tornou-se um alvo fácil para os policiais.
Ele estava com um revólver engatilhado na mão direito.
Não teve tempo de atirar.
Levou um balaço no peito.
Cortesia de um dos PMs.
O tiro abriu um buraco em seu peito, estourando órgãos internos.
Caiu de costas no chão, com sangue saindo pela boca e peito.
Para João, o mundo havia acabado naquele instante.
Vendo o comparsa morto, os outros três suspeitos entram em pânico.
As histórias de que a Policia matava implacavelmente “quem levantasse a mão pra eles”, passou a povoar a mente dos bandidos.
Não queriam morrer.
Desesperados, se embrenharam na mata tentando uma fuga alucinada.
Mais quatro PMs, Giacomelli, Savassa, Tempesta e Domingues, chegaram no local e entraram na caçada.
Armados até os dentes, os oito policiais adentraram o matagal e vasculharam cada centímetro, até encontrar os três fugitivos.
Renderam o trio no meio do mato.
Os três estavam apavorados. Sozinhos em um matagal durante a madrugada, com oito PMs fortemente armados.
Sem testemunhas.
Sem ninguém para contar história.
Poderiam ser “zerados” ali mesmo se os policiais quisessem.
Mas, o pânico foi desnecessário.
Ao contrário da ROTA de São Paulo, que naquele época “matava primeiro e perguntava depois”, os PMs de Itu, se mostraram extremamente profissionais e controlados.
Capturam os três criminosos vivos, e os entregaram na Delegacia Central, sem nenhum ferimento.
Diante do delegado Alcides Geronutti, os criminosos contaram que haviam roubado o Fusca e a Brasília em Jundiaí, e estavam se preparando para “depená-los”, quando trombaram com os policiais.
Os quatro bandidos que haviam roubado os caminhões, não seriam presos naquela ocasião.
Já o outro quarteto, que por estar no local errado, na hora errada, não teve a mesma sorte.
Três ladrões passaram o Natal na cadeia. O quarto ladrão teve destino pior. Passou o Natal de 1983, onde ninguém gostaria de passar...
Na sepultura.