quinta-feira, 8 de maio de 2008

O MATADOR DE CÃES


Em 1988, um crime cruel, praticado com extrema covardia, revoltou os moradores do bairro Novo Itu.
Em uma das ruas daquele bairro, morava um homem chamado José.
De acordo com o depoimento que os vizinhos iriam dar nos dias seguintes ao crime, José nunca gostou de animais. De nenhum deles.
Talvez, para impressionar os moradores locais, ou simplesmente por pura covardia, José freqüentemente trucidava filhotes de gatos recém nascidos, na frente das crianças do bairro. Ele gostava disso, parecia sentir um certo prazer diabólico em seus atos sádicos e perversos.
Agindo como um verdadeiro maníaco, no dia 6 de janeiro daquele ano, seus atos chegaram ao extremo.
Naquela manhã, José, em uma atitude surpreendente, cortou um frango em vários pedaços pequenos e saiu pelas ruas, do bairro, alimentando todos os cães que encontrava pelo caminho, com a carne.
Algumas pessoas até estranharam aquela atitude, já que José era famoso pela crueldade que costuma praticar contra os animais.
Um vira-lata, com poucos meses de vida, saiu satisfeito com um pedaço de carne na boca. Mais pra frente, dois cães também foram alimentados.
José perambulou por várias ruas do Novo Itu, com um saco plástico cheio de carne nas mãos. Após terminar sua “missão”, voltou para casa tranqüilamente.
Seu trabalho estava feito. Agora só restava esperar. Esperar para ver o resultado macabro de seu trabalho.
Na rua, um garoto viu um cãozinho malhado com o qual estava acostumado a brincar, andando meio trêmulo. O animalzinho começou a vomitar, e olhou para o menino com os olhos tristes, como se estivesse suplicando por ajuda. Até mesmo uma inocente criança conhece a morte quando ela se aproxima. O cãozinho caiu, começou a tremer cada vez mais, e antes que pudesse ser socorrido, estava morto.
Em outras ruas, em outras casas, a cena se repetia. Cães de todas as espécies, começavam a passar mal, agonizavam de dor, vomitavam sangue e morriam logo depois. Alguns cães que viviam pela rua, praticamente rastejavam o máximo que podiam e iam morrer na porta das pessoas que os conhecia e lhes alimentava, como se fosse uma despedida. Outros morriam solitários, nas calçadas, no meio do mato, no meio do lixo.
No final da tarde daquele dia, nove cães, sendo que vários deles tinham donos, estavam mortos pelas ruas do bairro.
A notícia foi se espalhando, as pessoas se reuniram, e ao colocarem todos os animais próximos, formou-se uma pilha assustadora de cães, todos mortos.
Alguém comentou que viu José alimentando os animais com carne, durante a manhã.
Antes que um veterinário desse o laudo, todos já sabiam a resposta: a carne estava envenenada.
No dia seguinte, mais cadáveres de cães estavam espalhados pelas calçadas e ruas do bairro Novo Itu. A matança não parou por ali, outros cães agonizaram por dias, e inevitavelmente, acabaram mortos pelo envenenamento.
Revoltados, os donos dos animais e várias testemunhas, procuraram a polícia. Um inquérito policial foi aberto contra José, sendo que ele também seria processado pela sociedade protetora dos animais.
Mas, como o crime ocorreu no Brasil, onde as leis nunca deixaram de ser piadas de mal gosto, José jamais foi preso pela matança assustadora de cães que promoveu naquele 6 de janeiro de 1988.
Enquanto dezenas de crianças choravam e adoeciam pelos seus cãezinhos que nunca mais iriam voltar, José andava livremente por aí, observando outros cães, e provavelmente pensando em quem seria a próxima vítima.