terça-feira, 10 de novembro de 2009

O ESTUPRADOR E SEU ASSISTENTE

O ano de 1999, foi assolado por uma série de estupros seguidos de assaltos, em Itu.
Os crimes ocorriam nas mais diversas áreas da cidade, entre o final da tarde e início da noite.
As vítimas eram sempre casais que namoravam dentro de carros em locais desertos.
Com o número cada vez mais repetitivo de casos, a polícia começou a perceber que havia um padrão em comum entre os crimes e a partir daí, traçou o perfil dos suspeitos.
Naquele ano, mais de 15 casais foram atacados e descreveram os agressores como sendo dois homens que dirigiam uma Saveiro preta.
Segundo as próprias vítimas, quando estavam no carro, um homem se aproximava, e com arma em punho, rendia o casal e os obrigava a ir até um local deserto.
Era nesse local que surgia um segundo indivíduo, e obrigava a mulher, na mira do revólver a tirar as roupas e a violentava na frente do próprio namorado.
O maníaco era tão ousado, depravado e pervertido, que em muitas ocasiões mandava o namorado ficar de costas, em seguida obrigava a moça já nua a segurar nos ombros do companheiro, também sob a mira da arma e a estuprava com o maior sadismo.
Em todos os casos, os namorados eram obrigados a presenciar impotentes os estupros de suas companheiras, sem nada poderem fazer.
Enquanto um estuprava, o outro mantinha os casais sob ameaça de morte. Depois do estupro consumado, o criminoso que segurava a arma, roubava os bens do casal, inclusive o carro e desaparecia.
Satisfeito, o estuprador também se retirava do local, sem levar bens materiais das vítimas, já que havia roubado a dignidade das mesmas.
Os casos acabaram gerando histeria coletiva na cidade, virando constantes notícias nos jornais locais.
A população estava apavorada, várias associações de bairros e grupos políticos cobravam providências urgentes das autoridades.
Com a pressão da sociedade cada vez maior, a Polícia Militar, na época sob o comando do Capitão Dias, começou a se empenhar na captura dos criminosos.
Na tarde de uma quinta-feira, 5 de agosto de 1999, uma viatura da PM que fazia patrulhamento pelo bairro São José, topou com uma Saveiro preta, ocupada por duas suspeitos, cujas características físicas batiam com as dos criminosos procurados.
Os policiais mandaram o veículo parar, mas o homem no volante não obedeceu.
Uma intensa perseguição teve início naquele momento. Pouco depois, a dupla conseguiu abandonar o carro antes da chegada da PM.
Através de informações de populares que viram os dois fugindo, a polícia conseguiu prender um deles, identificado como José Antônio de Souza, de 19 anos. Esse era o “assistente” do estuprador. Já o maníaco conseguiu fugir.
Na delegacia, o assaltante confessou em detalhes os vários estupros seguidos de assaltos, que eram atribuídos a ele e seu comparsa. Porém, negou já ter estuprado alguma das vítimas, o que era verdade. José foi reconhecido pelas vítimas “apenas” como ladrão, o homem que apontava a arma, enquanto seu parceiro estuprava.
O comparsa, o verdadeiro estuprador, foi apontado por José, como sendo Daniel Dias da Costa. O ladrão contou ainda que em um dos episódios Daniel teria agido sozinho, mas na maioria das vezes, era ele mesmo quem dava cobertura para o parceiro cometer os estupros.
Quem era mais sádico e pervertido, não se sabe ao certo.
Com essa prisão, os policiais acabaram por descobrir um desmanche com cerca de onze carcaças e muitas peças dos carros roubados pela dupla.
José acabou ficando preso e tendo que responder por inúmeras acusações.
Quanto a Daniel, ele não foi preso na época, mas a polícia descobriu que ele já tinha passagens por estupro e só em Itu, já havia cometido outros 12 crimes sexuais semelhantes, nas proximidades do Presidente Médici.
Hoje, dez anos depois, não se sabe o paradeiro de Daniel. Talvez esteja preso, com um pouco de sorte morto, ou quem sabe esteja por aí, fazendo o que sabe fazer melhor... estuprando mulheres.
Vai saber!



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A MORTE DO GUARDA PAIXÃO


Sexta-feira. Dia 24 de novembro de 2000.
São 21h30.
Três homens armados entram numa farmácia localizada na Rua Floriano Peixoto, e anunciam o assalto.
Diante de violentas ameaças, contra funcionários e clientes, os ladrões levam cerca de R$ 400 do caixa e mais R$ 150 de duas pessoas no interior da loja.
Assim que deixam a farmácia, os ladrões abordam um bancário conduzindo um Monza verde, que passa pelo local. Com a arma na cara, o motorista é obrigado a entregar o veículo, para a fuga dos criminosos.
O Monza acelera pela Floriano, vira a esquina do Correio em alta velocidade, desce pela Garcia Moreno e entra na Santa Rita. O veículo está em alta velocidade.
Perto dali, o guarda civil municipal Manoel da Paixão Santos, de 37 anos, está fazendo segurança em frente de uma clínica odontológica da Santa Rita.
Paixão, como é mais conhecido, está fora do horário de serviço, sem farda e desarmado. A ficha de Paixão como GCM, é impecável. Admirado e respeitado pelos companheiros e superiores, ele é um exemplo de bom profissional. Nos círculos de amigos, é tão querido pelos companheiros quanto pelos familiares. Todos gostam dele.
É por isso que sua morte vai chocar tanto.
Um minuto antes do Monza fazer a curva do Correio, um Opala marron, ocupado por uma mulher e dois garotinhos de 11 e 12 anos, está subindo pela Domingos Fernandes.
A condutora do veículo não faz ideia que um acidente violento está a sua espera.
Faz apenas um minuto que os ladrões deixaram a farmácia.
O semáforo da Santa Rita, fica vermelho. Os ladrões não dão a mínima. Não vão parar.
Aceleram ainda mais.
O Opala está cruzando a esquina quando o Monza acelerado se choca contra ele.
O barulho de vidros se estilhaçando e de metal se retorcendo atrai na hora a atenção do guarda Paixão.
Acostumado a salvar vidas, a proteger seus semelhantes, o guarda instintivamente sai em socorro das vítimas. Ele não sabe do roubo a farmácia. Nunca vai saber. Para ele, os três homens no carro, são tão vítimas, quanto a mulher e as duas crianças no meios dos estilhaços.
É no momento exato que Paixão chega a cena do acidente pra ajudar os feridos, que ele recebe os tiros.
Dois disparos, um acerta em cheio sua barriga. O guarda não faz ideia do porque foi atingido.
Mas os assassinos sim. Eles o reconheceram como guarda e pensando que esse iria prendê-los, atiraram contra ele.
Os criminosos fogem a pé em seguida, enquanto as vítimas do outro carro são socorridas por populares que presenciam o acidente.
Paixão, baleado, fica caído em frente a uma vidraçaria. É socorrido pouco depois até o hospital, mas não resiste ao ferimento e morre.
Em poucos minutos, o Centro fica forrado de viaturas da Polícia Militar e Guarda Municipal.
Tanto a informação sobre o assalto, quanto a do assassinato do guarda já estão na rede da polícia.
Na mesma noite, um suspeito, identificado como Cláudio Martins, de 29 anos, é capturado na Escola Convenção, onde estava escondido. Ele porta um calibre 38. O suspeito, bastante machucado, devido ao acidente automobilístico é levado até o hospital, medicado e encaminhado até a Delegacia Central. Neste local, é reconhecido pelas vítimas do roubo e confessa o crime.
Ainda nessa noite, começa um intenso trabalho de investigação conjunta entre Guarda Municipal e Polícia Civil, para prender os outros dois criminosos.
Pouco depois, os irmãos Gerson Pereira, de 30 anos e Reginaldo Pereira, 26, são presos em flagrante no Cidade Nova. O primeiro caminhava pela Paz Universal quando foi detido, o segundo estava em casa.
O trabalho de investigação, que foi comandado pelos delegados Moacir de Mendonça e Antônio Góes Filho, reuniu os pesos pesados da Guarda, como Rovaldo, Moraes, Agostini, Freitas e Teixeira. Da Polícia Civil, trabalhou no caso os investigadores Clayton, Durval, Betão, Rocha e Antunes.
Hoje, nove anos após o crime, Paixão ainda é lembrado com muito carinho, admiração e principalmente... saudade!

CAÇADO E FUZILADO

Noite de sábado.
14 de novembro de 1998.
O casal Maria e Alexandre está tranquilo em um dos barracos onde moram, na Vila Lucinda.
Ela tem 24 anos. Ele 35.
Faltam 20 minutos para às 21 horas. E, menos de um minuto para o brutal assassinato, prestes a ocorrer.
O casal se assusta quando alguém em desespero começa a bater na porta, seguidas vezes, e gritar sem parar.
“Socorro, abra a porta, por favor, estou sendo perseguido”, grita o desconhecido lá fora.
Ouvindo os gritos do desesperado, Alexandre decide abrir a porta.
Um homem que ele desconhece entra caindo no barraco.
Antes que ele consiga socorrer o rapaz caído no chão, um outro homem se aproxima por trás.
É um matador.
Ele está armado com uma pistola automática.
Não diz uma única palavra, apenas aponta a arma para o homem caído e começa a disparar.
Quinze tiros seguidos.
Doze acertam o homem no chão, que morre ali mesmo. Um tiro é perdido e, os dois restantes, atingem Alexandre nas costas. Ele não tem a mínima ideia de quem é quem naquela execução. Cai de bruços com os tiros nas costas.
Após a execução, o matador ignora Alexandre e sua esposa, o que deixa claro que a bronca não é com ele, e que só foi atingido por puro acidente. Estava muito perto do alvo. Perto demais.
O matador, que assim como o desconhecido no chão entrou pela porta dos fundos, atravessa o barraco com calma e sai pela porta da frente. Está sendo esperado por um comparsa.
Em seguida, os dois homens montam numa moto e, tão repentinamente como surgiram, desaparecem.
Os moradores dos barracos das imediações, após ouvirem os disparos e ver os homens fugindo do local, acionam a Polícia e o Resgate.
Alexandre é levado às pressas para o hospital. Ele vai sobreviver. Teve mais sorte do que o desconhecido estendido no seu barraco com 12 balas no corpo.
Porém, assim que dá entrada no hospital, a ficha de Alexandre é levantada pela Polícia e seus antecedentes aparecem. Mesmo não tendo absolutamente nada a ver com o crime recente, onde ele também é uma das vítimas, o homem com duas balas nas costas é procurado da Justiça. Ele acaba ficando internado sob escolta policial. Vai sair de lá para a prisão.
Enquanto isso, em seu barraco, a Polícia procura por algum documento no corpo da outra vítima, que possa identificá-la. Não encontra nada.
O cadáver é recolhido pela Funerária Municipal, e encaminhado para o IML, onde permanece por dois dias, sem ser identificado.
Na segunda feira, uma mulher aparece e identifica a vítima, como sendo seu irmão, Mauro Bueno de 32 anos.
A mulher conta aos policiais que investigam o caso que, Bueno nasceu em Salto, e passou mais de dez anos de sua vida na cadeia. Ela comenta ainda que há dez dias, ele fugiu da Cadeia Pública de Salto e dede então, estava desaparecido, até ser encontrado varado de balas no IML.
Onde ele estava antes do crime? Por que foi morto? Vingança? Acerto de contas? Quem era matador?
Aí estão cinco boas perguntas!
Aliás, cinco excelentes perguntas!

ESTUPRADA E ESPANCADA NA PRAÇA


Quarta-feira, dia 2 de junho de 1999.
Uma mulher de 44 anos, está deitada em um dos bancos da Praça Gaspar Ricardo, em frente ao Saae.
Para se proteger do frio do inverno rigoroso, ela se enrola em um cobertor, cobrindo até a cabeça.
É tarde da noite.
A mulher é uma andarilha, não tem casa, não tem família, amigos, não tem ninguém.
Já passam da meia-noite, quando um desconhecido se aproxima.
Dormindo ao relento, alheia ao perigo, a mulher acorda com uma mão forte apertando seu pescoço. Ela se assusta, tenta gritar, mas não consegue.
Violento, o homem desconhecido saca uma faca e ameaça matar a andarilha, caso ela grite. Temendo a morte, ela não reage.
Em seguida, o desconhecido rasga as roupas da mulher, abaixa sua própria calça da cintura pra baixo e começa a violentá-la ali mesmo, em cima do banco frio da praça.
No desespero a mulher arranha o agressor, grita, tenta se livrar dele. O estuprador reage, desferindo vários socos violentos no rosto da vítima.
Pra não apanhar mais, a mulher continua sendo estuprada em silencio, rezando para o pesadelo terminar logo.
O maníaco não está com pressa.
Quando a vítima pensa que o estupro terminou, o criminoso manda ela se virar de costas e diz que quer fazer sexo anal.
A mulher implora para que o criminoso a deixe em paz. Ele responde com vários bofetões, socos e chutes nela.
Chorando muito, a vítima passa a ser novamente violentada. A violência é tanta, que quando o desconhecido termina seu ato covarde e perverso, a vítima estava toda ensanguentada.
Mas a violência ainda não havia terminada.
O homem abre uma garrafa de plástico com um liquido verde dentro e manda a andarilha beber. Ela se recusa. Mais tapas na cara, socos na boca e chutes nas costas.
Ele a segura pela garganta já no chão, diz que ela prostituta, vagabunda, piranha , sem vergonha. E faz a mulher ingerir o liquido na marra.
Tão logo a bebida chega em seu estômago, a mulher vomita desesperadamente.
Ela não sabe o que bebeu, só sabe que é muito ruim e está lhe fazendo mal.
O maníaco ri, se diverte com o terror da vítima.
Com total tranquilidade, após levantar suas calças, ele pega a faca que havia deixado no chão, e vai embora do local, deixando sua vítima aterrorizada e marcada para sempre.
Sangrando muito e com dores por todo o corpo a vítima se enrola novamente no cobertor e chora.
Chora de dor, chora de vergonha.
Afinal, mesmo sendo uma andarilha que vive nas ruas, ela ainda é uma mulher, e como tal, tem sua dignidade.
Depois do sofrimento, a mulher vai até a Delegacia de Policia e registra um boletim de ocorrência.
Mas o criminoso, nunca foi identificado, preso e muito menos julgado por seu crime.

MATADOR DE POLÍCIA

O POLICIAL BARROS

RETRATO FALADO DO ASSASSINO

Tarde do dia 23 de março de 2001.
São 15h. Faltam poucos minutos para o tiroteio.
Uma vendedora sai desesperada de uma loja situada na Praça do Carmo e aborda uma viatura da PM, que passa pelo local.
Dentro da viatura, estão os soldados Barros e Marcos.
A vendedora fala para os policiais que um indivíduo que está passando por ali, é o autor de dois assaltos recentes que ocorreram em sua loja.
Tendo a informação, os dois policiais decidem abordar o suspeito. Marcos, que está no volante, vai dirigindo a viatura, já barros, saia pé, em perseguição.
O suspeito percebe a aproximação dos policiais. Ele desce pela Garcia Moreno e quando está na frente do prédio onde funciona a Delegacia da Mulher, vê que Barros já estava atrás dele.
Culpado ou não, o suspeito não vai acertar ser detido pelo PM. É por isso que ele saca sua arma e atira contra o policial, antes que esse sequer tenha tempo de reagir.
Barros revida os disparos. Os tiros não acertam o suspeito e acabam atingindo de raspão duas pessoas que passam pela rua. Duas balas perdidas.
O suspeito efetua outros disparos. Barros é atingido na perna.
Em vez de fugir, o criminoso se aproxima do policial caído. O dia está claro, a rua está cheia de testemunhas, a viatura da PM se aproxima, mas o suspeito não está nem aí.
Ele aproveita que o policial está ferido, pára diante dele e com a maior frieza puxa o gatilho. Barros é atingido em cheio na cabeça. Um tiro fatal.
O outro soldado na viatura, presencia o crime a distância. Enquanto o autor dos disparos corre pra fugir, o PM Marcos corre pra salvar seu parceiro. Ele não vai conseguir. Já é tarde demais.
Em minutos, enquanto Barros é levado às pressas para o hospital, o Centro fica forrado por policiais e guardas municipais, que procuram o criminoso. Ele não será encontrado hoje.
No hospital, o soldado passa por uma delicada cirurgia, fica internado na UTI e acaba sendo desenganado pelos médicos. Ele pode sofrer morte cerebral a qualquer instante.
Dois dias depois, por volta das 12h30, do domingo, o policial militar Jair Azael Nóvua de Barros, é declarado clinicamente morto. Ele tinha apenas 24 anos, e estava no quarto ano da Faculdade de Direito.
Sua morte é sentida por todos os companheiros que viam nele um grande amigo, parceiro e policial de primeira linha.
As investigações prosseguem nos dias seguintes, após a morte.
Um retrato falado do criminoso é elaborado pela polícia e divulgado nos jornais locais.
Os dias passam e ninguém é preso.
Quatro meses depois

Sexta-feira, dia 20 de julho de2001.
Cumprindo mandados de prisão, policiais militares de Sorocaba entram na casa de um procurado, naquele município.
Enquanto revistam a casa, os PMs encontram um suspeito escondido embaixo de uma cama. A ficha dele é levantada e consta que ele é procurado pela justiça.
Em sua ficha existem três homicídios, todos praticados em Itu.
Os policiais notam que existe uma grande semelhança entre o rapaz e o desenho do matador de PM, distribuído entre os policiais.
Uma testemunha da morte de Barros é trazida pra ver o suspeito. Ela o reconhece como o autor do disparo fatal contra o policial. O parceiro do PM morto, vê uma foto do suspeito e nota as semelhanças entre o rapaz e o assassino do companheiro.
Para a polícia, o caso já está praticamente solucionado.
No dia seguinte o suspeito é trazido de Sorocaba para Itu, para um reconhecimento formal diante de outras testemunhas.
O resultado já é o esperado.
O suspeito é mesmo o matador de polícia.
Depois de quatro meses de investigação, a polícia finalmente coloca um ponto final nas investigações.
O caso está encerrado.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O MASSACRE DO ESTUPRADOR

Terça-feira, 15 de julho de 1997.
O estuprador José Aparecido, de 38 anos, chega na Cadeia Pública de Itu.
Ele veio transferido de Cabreúva, onde havia sido detido.
Seus antecedentes logo são relatados para os outros detentos. Não são dos melhores.
Ele não é bem recebido.
Olhares tortos, ameaças, caras fechadas. Ninguém gosta dele.
Aparecido é acusado de estuprar as próprias filhas.
Para os demais detentos, estuprador merece pena de morte.
Por esse motivo, Aparecido é colocado isolado em uma cela, junto com outros três presos, da mesma laia, segundo os detentos.
Alguns desses três presos são caguetas, outros estupradores, ou “Jacks”, no jargão popular.
A primeira noite do novo estuprador na cadeia, não é nem um pouco tranquila. Nem poderia ser.
Os presos estão revoltados em saber que tem Jack novo na cadeia, e o pior, Jack que violenta as próprias filhas.
Um preso, mais revoltado, começa a dizer para os outros que o estuprador “tem que subir”. Todos concordam.
Alguém, não se sabe quem, ferve uma panela de água.
Vários presidiários enquadram o estuprador, e o que é previsto acontece. Uma panela de água fervendo é jogada contra ele.
O preso grita, pede socorro, geme de dor.
Os detentos falam que estuprador tem que morrer mesmo, e que o fim dele, está próximo.
O estuprador não dorme aquela noite. Fica o tempo todo em pânico, desesperado, temendo o pior. E o pior realmente está por vir.
A manhã chega mais rápido do que era de se esperar. E com ela, o prenúncio de uma morte já encomendada.
São exatamente 9h30, quando começa o tumulto na prisão.
O diretor da cadeia, doutor Moacir Rodrigues de Mendonça, está ausente. O delegado está cumprindo outro compromisso, realizando exames de trânsito, já que também é o responsável pelo Ciretran.
Sem o delegado para controlar o tumulto, os presos aproveitam o “banho de sol”, para atacar os caguetas e estupradores da “celinha 1”. É nesta cela que Aparecido está isolado.
Os detentos cercam a cela, começam a tentar estourar o cadeado e matar os quatro presos isolados.
A cadeia fica em estado de loucura, parece que vai explodir a qualquer momento.
Na confusão, o delegado doutor Domingos Martelini tenta dialogar com os presos para acalmá-los. A Guarda Municipal e Polícia Militar são acionadas para conter a rebelião.
Depois de conversarem com o delegado, os presos aparentemente desistem da matança. Mas só aparentemente.
Assim, que os policiais civis, militares e guardas se retiram do pátio, os presos voltam novamente ao ataque contra os detentos da cela 1. É nessa hora que eles pegam José Aparecido e dão uma violenta surra nele.
Chutes, socos, tapas na cara, joelhadas, o estuprador é agredido de todas as formas, mas os detentos querem mais. Querem sangue.
No meio de toda aquela violência, novamente alguém, é claro que não se sabe quem, passa uma corda de nylon no pescoço do estuprador, dá um laço na grade da cela e enforca o homem que violentou as filhas.
Quando a polícia se dá conta do que está acontecendo, já é muito tarde, o estuprador está morto.
João Aparecido, o estuprador de Cabreúva, não seria o primeiro e nem o último Jack, a ser espancado e brutalmente assassinado na Cadeia Pública de Itu.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O ASSASSINATO DOS GUARDAS MUNICIPAIS


Manhã de terça-feira.
São 8h, do dia 4 de janeiro de 1994.
Três guardas municipais estão esperando o ônibus em um ponto localizado na Avenida Caetano Ruggieri, ao lado da “pracinha”.
Os guardas são: José Augusto de Jesus, Jesus Eliseu Vieira e Maurício Silvino de Souza.
São excelentes profissionais, verdadeiros heróis que no dia a dia, arriscam suas vidas para cumprir o juramento que fizeram de servir e proteger a população.
Esse juramento será cumprido à risca hoje. Embora nem sequer imaginem, os dois guardas com o nome do filho de Deus, irão morrer nos próximos minutos.
Fardados e armados os soldados aguardam o ônibus da linha 11, que se aproxima.
O veículo pára.
Vários passageiros começam a descer pela porta de trás.
O guarda municipal Maurício entra pela porta da frente do ônibus.
Seus parceiros iriam entram por trás. Iriam.
Maurício não vê seus parceiros embarcarem no veículo.
De repente ele ouve os disparos. Vários tiros seguidos vindos da parte de trás do ônibus, mais precisamente da calçada. O guarda saca sua arma e salta do ônibus. Já é tarde. Tarde demais.
Os dois guardas de nome Jesus estão caídos no chão, sangrando.
Maurício ainda vê de relance um homem fugindo pela rua Dona Júlia, esquina com a Caetano Ruggieri, mas sua prioridade é socorrer os colegas baleados.
Ele tenta, mas não consegue.
Os dois guardas já estão mortos ao darem entrada na Santa Casa.
Funcionários dos comércios das imediações e pessoas que estavam na rua são ouvidas pelas autoridades. O resultado é o esperado, o de sempre: ninguém viu nada, ninguém sabe nada.
TRÊS DIAS ANTES
É noite de sábado, dia 1 de janeiro.
Um guarda municipal conhecido como Gomes, está dentro de um bar, localizado no Parque Industrial. O guarda, fardado, está de serviço.
São exatamente 20h, quando três homens armados entram no local atirando. O alvo dos disparos é o GCM, encostado no balcão.
Ele é atingido duas vezes, no braço e em um dos dedos da mão direita.
Os atiradores fogem em seguida.
CAÇADA AOS ASSASSINOS
Enquanto o prefeito Lázaro José Piunti, decreta luto oficial no município por três dias, e vai atrás do Secretário de Segurança Pública, Michel Temer, para discutir a fragilidade da segurança na cidade, os cinco delegados da cidade se unem para organizar uma verdadeira caçada aos matadores dos GMs.
José Moreira Barbosa Netto, Domingos Marteliini, Henrique Lago Neto, Carlos Benedito Ferrari e Paulo Francisco Gutierres são os delegados empenhados em resolver o caso. Realizando um trabalho de campana e coleta de informações, utilizando seus próprios veículos particulares, inclusive, os policiais, unidos a seus investigadores descobrem o paradeiro dos matadores em apenas 44 horas.
PRISÃO E CONFISSÃO
Madrugada de quinta-feira, dois dias depois dos homicídios.
São 4h, quando a Polícia Civil invade o Conjunto Habitacional dos Metalúrgicos em Osasco e prende os matadores.
Eles são identificados como Nilton César, de 19 anos e Valter de Oliveira, o “China”, de 33 anos. O mais novo já tem passagens na polícia, ainda na adolescência, por latrocínio (roubo seguido de morte). A ficha do mais velho também não é das melhores, estelionato, furto e roubo.
Interrogados pelo delegado Moreira, os dois acusados contam os motivos dos crimes.
China explica ao policial, que na verdade , tanto ele quantos eu parceiro, nem sequer conheciam os guardas mortos. Não era nada pessoal. Foi apenas o caso de quatro pessoas se cruzarem no local errado, no momento errado.
De acordo com China, na noite do sábado anterior aos crimes, ele e dois companheiros tentaram matar o GM Gomes, em um bar do Parque Industrial. Com Gomes, sim, China tinha uma desavença policial. Segundo ele, por ter envolvimento em ocorrências de estelionato, toda vez que cruzava com Gomes, era pressionado, humilhado e ameaçado por esse GM, que chegava ao estreme de meter a arma na cara dele. Ainda segundo China, o tal GM havia ameaçado inclusive que pegaria seu filho, caso não o pegasse. Revoltado e amedrontado, com a ameaça, China, havia tentado sem sucesso, matar o guarda naquela noite de sábado.
“Meu problema era mesmo com o Gomes, eu nem sabia que ia resultar na morte dos dois GMs”, contou China no interrogatório.
Na terça de manhã, China e seu parceiro Nilton estavam no mesmo ônibus que os três guardas embarcariam.
O encontro não poderia ser menos fatal
Assim que desceu do ônibus, China, que já estava sendo procurado por tentativa de homicídio, foi reconhecido de imediato pelos dois guardas que ainda não haviam entrado no coletivo. Ele estava encostado num muro, sendo revistado pelos guardas, portava uma pistola “7.65”, calibre 9mm. A arma estava descarregada.
Mas, a pistola “6.35”, que seu parceiro Nilton, trazia na cintura, estava muito bem carregada.
Ao ver China sendo revistado pelos guardas, Nilton sacou sua arma e disparou primeiro contra o guarda José Augusto. Os tiros foi traiçoeiros. O guarda foi acertado duas vezes nas costas. Uma das balas atingiu o coração.
Quando o guarda caiu, China saiu correndo.
Ao ver o parceiro baleado, o guarda Jesus Elizeu revidou. Deu cinco tiros no bandido. Acertou apenas um deles, na coxa de Nilton. Não foi suficiente.
O matador atirou contra o GM. As balas atingiram um de seus braços, seu coração e sua cabeça.
Hoje, 15 anos após o duplo homicídio que abalou Itu, os dois criminosos ainda estão presos. E os dois guardas, orgulhos da corporação, jamais serão esquecidos pelos seus amigos, parceiros e com toda certeza, familiares.
Viveram como homens, lutaram como soldados e morreram como heróis.
Que descansem em paz.

O ESTUPRO E ASSASSINATO DA DANÇARINA

Dizer que aquela moça era bonita, seria pura modéstia. Ela era linda.
O fotógrafo fez uma, duas, três... várias fotos dela.
Era uma mulata de cabelos encaracolados, corpo perfeito e mais ou menos um metro e sessenta de altura. Devia ter no máximo 30 anos. E estava totalmente nua.
Havia várias pessoas presentes ali, acompanhando o trabalho do fotógrafo.
Mas, apesar de estar sendo fotografada de vários ângulos diferentes, a linda mulata não esboçava nenhuma reação. Não sorria, não se mexia, não falava e nem sequer abria os olhos. E nem poderia. Afinal, estava morta.
As pessoas presentes naquele local eram funcionários da Polícia Civil que investigavam o crime, da Polícia Militar, que haviam preservado o corpo e da agência funerária local, que aguardavam o perito da polícia técnica terminar as fotos para recolher o cadáver.
Era uma manhã ensolarada de terça-feira, dia 17 de janeiro de 1995.
O local, o acostamento da Rodovia Marechal Rondon, sentido Itu/Jundiaí, nas proximidades da Ponte Nova.
Algumas horas antes, um soldado do Corpo de Bombeiros, vindo num ônibus sentido Jundiaí/Itu, havia avistado o corpo, assim que descera num ponto daquelas redondezas, e logo em seguida, acionado a PM.
O corpo da bela mulata estava estendido no mato, a dois metros da pista.
A Polícia Civil apurou no próprio local que, havia marcas no pescoço da moça, com claros sinais de estrangulamento. Também havia muito sangue escorrendo do ânus e da vagina, indicando possivelmente um estupro.
Sem nenhum documento ou qualquer outro vestígio que pudesse identificá-la, a vítima foi recolhida à Funerária Municipal, que logo em seguida, encaminhou o corpo para o IML de Sorocaba.
Após alguns dias na geladeira do necrotério, a moça acabou sendo enterrada como indigente no Cemitério Municipal de Itu.
A brutalidade em torno do caso atraiu a atenção da grande imprensa, em especial do telejornal “Aqui Agora”, que passou a divulgar as fotos da vítima, na esperança de alguém a identificasse.
No interior de Minas Gerais, na cidade de Betim, uma família que assistia a reportagem do telejornal se assustou com a divulgação da foto.
A data do encontro do cadáver, a tatuagem de um beija flor que a vítima tinha no bumbum e sua descrição física, batia em tudo com a jovem mineira Gineida de Oliveira Barbosa, de 25 anos. No dia 16 daquele mês, um dia antes do encontro do cadáver em Itu, Gineida saiu de sua casa em Minas, com destino a São Paulo. Na capital, ela pegaria um avião para a Espanha, país esse, onde ela iria trabalhar, possivelmente como “dançarina”.
Porém, naquele mesmo dia, antes de sair de casa, a jovem passou um tempo enorme no telefone, tendo uma discussão estressante com um homem conhecido apenas por “Pepe”.
O motivo da discussão era o fato da jovem já ter trabalhado antes na Europa, e ter um dívida a receber de 4 mil Pesetas (extinta moeda da Espanha, substituída em 2002 pelo Euro).
Depois de sair de casa naquele dia, ela nunca mais foi vista com vida pela família.
Imediatamente após a veiculação da notícia, o noivo de Geneida veio a Itu. O corpo da jovem foi exumado na manhã do dia 15 de fevereiro, um mês depois do crime. E a suspeita se confirmou. A garota encontrada em Itu, estuprada e estrangulada, era mesmo a jovem mineira, que saiu de casa para receber uma dívida, fazer fama e fortuna na Espanha, mas acabou encontrando a morte, sendo vítima de um crime cruel e covarde.
Quem era “Pepe” e qual a sua “possível” ligação com aquele brutal assassinato, a polícia local jamais iria saber.
O corpo da bela mulata foi transportado para a cidade mineira de Betim, onde ela seria sepultada, junto com seus planos e sonhos.