segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O ASSASSINATO DOS GUARDAS MUNICIPAIS


Manhã de terça-feira.
São 8h, do dia 4 de janeiro de 1994.
Três guardas municipais estão esperando o ônibus em um ponto localizado na Avenida Caetano Ruggieri, ao lado da “pracinha”.
Os guardas são: José Augusto de Jesus, Jesus Eliseu Vieira e Maurício Silvino de Souza.
São excelentes profissionais, verdadeiros heróis que no dia a dia, arriscam suas vidas para cumprir o juramento que fizeram de servir e proteger a população.
Esse juramento será cumprido à risca hoje. Embora nem sequer imaginem, os dois guardas com o nome do filho de Deus, irão morrer nos próximos minutos.
Fardados e armados os soldados aguardam o ônibus da linha 11, que se aproxima.
O veículo pára.
Vários passageiros começam a descer pela porta de trás.
O guarda municipal Maurício entra pela porta da frente do ônibus.
Seus parceiros iriam entram por trás. Iriam.
Maurício não vê seus parceiros embarcarem no veículo.
De repente ele ouve os disparos. Vários tiros seguidos vindos da parte de trás do ônibus, mais precisamente da calçada. O guarda saca sua arma e salta do ônibus. Já é tarde. Tarde demais.
Os dois guardas de nome Jesus estão caídos no chão, sangrando.
Maurício ainda vê de relance um homem fugindo pela rua Dona Júlia, esquina com a Caetano Ruggieri, mas sua prioridade é socorrer os colegas baleados.
Ele tenta, mas não consegue.
Os dois guardas já estão mortos ao darem entrada na Santa Casa.
Funcionários dos comércios das imediações e pessoas que estavam na rua são ouvidas pelas autoridades. O resultado é o esperado, o de sempre: ninguém viu nada, ninguém sabe nada.
TRÊS DIAS ANTES
É noite de sábado, dia 1 de janeiro.
Um guarda municipal conhecido como Gomes, está dentro de um bar, localizado no Parque Industrial. O guarda, fardado, está de serviço.
São exatamente 20h, quando três homens armados entram no local atirando. O alvo dos disparos é o GCM, encostado no balcão.
Ele é atingido duas vezes, no braço e em um dos dedos da mão direita.
Os atiradores fogem em seguida.
CAÇADA AOS ASSASSINOS
Enquanto o prefeito Lázaro José Piunti, decreta luto oficial no município por três dias, e vai atrás do Secretário de Segurança Pública, Michel Temer, para discutir a fragilidade da segurança na cidade, os cinco delegados da cidade se unem para organizar uma verdadeira caçada aos matadores dos GMs.
José Moreira Barbosa Netto, Domingos Marteliini, Henrique Lago Neto, Carlos Benedito Ferrari e Paulo Francisco Gutierres são os delegados empenhados em resolver o caso. Realizando um trabalho de campana e coleta de informações, utilizando seus próprios veículos particulares, inclusive, os policiais, unidos a seus investigadores descobrem o paradeiro dos matadores em apenas 44 horas.
PRISÃO E CONFISSÃO
Madrugada de quinta-feira, dois dias depois dos homicídios.
São 4h, quando a Polícia Civil invade o Conjunto Habitacional dos Metalúrgicos em Osasco e prende os matadores.
Eles são identificados como Nilton César, de 19 anos e Valter de Oliveira, o “China”, de 33 anos. O mais novo já tem passagens na polícia, ainda na adolescência, por latrocínio (roubo seguido de morte). A ficha do mais velho também não é das melhores, estelionato, furto e roubo.
Interrogados pelo delegado Moreira, os dois acusados contam os motivos dos crimes.
China explica ao policial, que na verdade , tanto ele quantos eu parceiro, nem sequer conheciam os guardas mortos. Não era nada pessoal. Foi apenas o caso de quatro pessoas se cruzarem no local errado, no momento errado.
De acordo com China, na noite do sábado anterior aos crimes, ele e dois companheiros tentaram matar o GM Gomes, em um bar do Parque Industrial. Com Gomes, sim, China tinha uma desavença policial. Segundo ele, por ter envolvimento em ocorrências de estelionato, toda vez que cruzava com Gomes, era pressionado, humilhado e ameaçado por esse GM, que chegava ao estreme de meter a arma na cara dele. Ainda segundo China, o tal GM havia ameaçado inclusive que pegaria seu filho, caso não o pegasse. Revoltado e amedrontado, com a ameaça, China, havia tentado sem sucesso, matar o guarda naquela noite de sábado.
“Meu problema era mesmo com o Gomes, eu nem sabia que ia resultar na morte dos dois GMs”, contou China no interrogatório.
Na terça de manhã, China e seu parceiro Nilton estavam no mesmo ônibus que os três guardas embarcariam.
O encontro não poderia ser menos fatal
Assim que desceu do ônibus, China, que já estava sendo procurado por tentativa de homicídio, foi reconhecido de imediato pelos dois guardas que ainda não haviam entrado no coletivo. Ele estava encostado num muro, sendo revistado pelos guardas, portava uma pistola “7.65”, calibre 9mm. A arma estava descarregada.
Mas, a pistola “6.35”, que seu parceiro Nilton, trazia na cintura, estava muito bem carregada.
Ao ver China sendo revistado pelos guardas, Nilton sacou sua arma e disparou primeiro contra o guarda José Augusto. Os tiros foi traiçoeiros. O guarda foi acertado duas vezes nas costas. Uma das balas atingiu o coração.
Quando o guarda caiu, China saiu correndo.
Ao ver o parceiro baleado, o guarda Jesus Elizeu revidou. Deu cinco tiros no bandido. Acertou apenas um deles, na coxa de Nilton. Não foi suficiente.
O matador atirou contra o GM. As balas atingiram um de seus braços, seu coração e sua cabeça.
Hoje, 15 anos após o duplo homicídio que abalou Itu, os dois criminosos ainda estão presos. E os dois guardas, orgulhos da corporação, jamais serão esquecidos pelos seus amigos, parceiros e com toda certeza, familiares.
Viveram como homens, lutaram como soldados e morreram como heróis.
Que descansem em paz.

O ESTUPRO E ASSASSINATO DA DANÇARINA

Dizer que aquela moça era bonita, seria pura modéstia. Ela era linda.
O fotógrafo fez uma, duas, três... várias fotos dela.
Era uma mulata de cabelos encaracolados, corpo perfeito e mais ou menos um metro e sessenta de altura. Devia ter no máximo 30 anos. E estava totalmente nua.
Havia várias pessoas presentes ali, acompanhando o trabalho do fotógrafo.
Mas, apesar de estar sendo fotografada de vários ângulos diferentes, a linda mulata não esboçava nenhuma reação. Não sorria, não se mexia, não falava e nem sequer abria os olhos. E nem poderia. Afinal, estava morta.
As pessoas presentes naquele local eram funcionários da Polícia Civil que investigavam o crime, da Polícia Militar, que haviam preservado o corpo e da agência funerária local, que aguardavam o perito da polícia técnica terminar as fotos para recolher o cadáver.
Era uma manhã ensolarada de terça-feira, dia 17 de janeiro de 1995.
O local, o acostamento da Rodovia Marechal Rondon, sentido Itu/Jundiaí, nas proximidades da Ponte Nova.
Algumas horas antes, um soldado do Corpo de Bombeiros, vindo num ônibus sentido Jundiaí/Itu, havia avistado o corpo, assim que descera num ponto daquelas redondezas, e logo em seguida, acionado a PM.
O corpo da bela mulata estava estendido no mato, a dois metros da pista.
A Polícia Civil apurou no próprio local que, havia marcas no pescoço da moça, com claros sinais de estrangulamento. Também havia muito sangue escorrendo do ânus e da vagina, indicando possivelmente um estupro.
Sem nenhum documento ou qualquer outro vestígio que pudesse identificá-la, a vítima foi recolhida à Funerária Municipal, que logo em seguida, encaminhou o corpo para o IML de Sorocaba.
Após alguns dias na geladeira do necrotério, a moça acabou sendo enterrada como indigente no Cemitério Municipal de Itu.
A brutalidade em torno do caso atraiu a atenção da grande imprensa, em especial do telejornal “Aqui Agora”, que passou a divulgar as fotos da vítima, na esperança de alguém a identificasse.
No interior de Minas Gerais, na cidade de Betim, uma família que assistia a reportagem do telejornal se assustou com a divulgação da foto.
A data do encontro do cadáver, a tatuagem de um beija flor que a vítima tinha no bumbum e sua descrição física, batia em tudo com a jovem mineira Gineida de Oliveira Barbosa, de 25 anos. No dia 16 daquele mês, um dia antes do encontro do cadáver em Itu, Gineida saiu de sua casa em Minas, com destino a São Paulo. Na capital, ela pegaria um avião para a Espanha, país esse, onde ela iria trabalhar, possivelmente como “dançarina”.
Porém, naquele mesmo dia, antes de sair de casa, a jovem passou um tempo enorme no telefone, tendo uma discussão estressante com um homem conhecido apenas por “Pepe”.
O motivo da discussão era o fato da jovem já ter trabalhado antes na Europa, e ter um dívida a receber de 4 mil Pesetas (extinta moeda da Espanha, substituída em 2002 pelo Euro).
Depois de sair de casa naquele dia, ela nunca mais foi vista com vida pela família.
Imediatamente após a veiculação da notícia, o noivo de Geneida veio a Itu. O corpo da jovem foi exumado na manhã do dia 15 de fevereiro, um mês depois do crime. E a suspeita se confirmou. A garota encontrada em Itu, estuprada e estrangulada, era mesmo a jovem mineira, que saiu de casa para receber uma dívida, fazer fama e fortuna na Espanha, mas acabou encontrando a morte, sendo vítima de um crime cruel e covarde.
Quem era “Pepe” e qual a sua “possível” ligação com aquele brutal assassinato, a polícia local jamais iria saber.
O corpo da bela mulata foi transportado para a cidade mineira de Betim, onde ela seria sepultada, junto com seus planos e sonhos.