segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O ESTUPRO E ASSASSINATO DA DANÇARINA

Dizer que aquela moça era bonita, seria pura modéstia. Ela era linda.
O fotógrafo fez uma, duas, três... várias fotos dela.
Era uma mulata de cabelos encaracolados, corpo perfeito e mais ou menos um metro e sessenta de altura. Devia ter no máximo 30 anos. E estava totalmente nua.
Havia várias pessoas presentes ali, acompanhando o trabalho do fotógrafo.
Mas, apesar de estar sendo fotografada de vários ângulos diferentes, a linda mulata não esboçava nenhuma reação. Não sorria, não se mexia, não falava e nem sequer abria os olhos. E nem poderia. Afinal, estava morta.
As pessoas presentes naquele local eram funcionários da Polícia Civil que investigavam o crime, da Polícia Militar, que haviam preservado o corpo e da agência funerária local, que aguardavam o perito da polícia técnica terminar as fotos para recolher o cadáver.
Era uma manhã ensolarada de terça-feira, dia 17 de janeiro de 1995.
O local, o acostamento da Rodovia Marechal Rondon, sentido Itu/Jundiaí, nas proximidades da Ponte Nova.
Algumas horas antes, um soldado do Corpo de Bombeiros, vindo num ônibus sentido Jundiaí/Itu, havia avistado o corpo, assim que descera num ponto daquelas redondezas, e logo em seguida, acionado a PM.
O corpo da bela mulata estava estendido no mato, a dois metros da pista.
A Polícia Civil apurou no próprio local que, havia marcas no pescoço da moça, com claros sinais de estrangulamento. Também havia muito sangue escorrendo do ânus e da vagina, indicando possivelmente um estupro.
Sem nenhum documento ou qualquer outro vestígio que pudesse identificá-la, a vítima foi recolhida à Funerária Municipal, que logo em seguida, encaminhou o corpo para o IML de Sorocaba.
Após alguns dias na geladeira do necrotério, a moça acabou sendo enterrada como indigente no Cemitério Municipal de Itu.
A brutalidade em torno do caso atraiu a atenção da grande imprensa, em especial do telejornal “Aqui Agora”, que passou a divulgar as fotos da vítima, na esperança de alguém a identificasse.
No interior de Minas Gerais, na cidade de Betim, uma família que assistia a reportagem do telejornal se assustou com a divulgação da foto.
A data do encontro do cadáver, a tatuagem de um beija flor que a vítima tinha no bumbum e sua descrição física, batia em tudo com a jovem mineira Gineida de Oliveira Barbosa, de 25 anos. No dia 16 daquele mês, um dia antes do encontro do cadáver em Itu, Gineida saiu de sua casa em Minas, com destino a São Paulo. Na capital, ela pegaria um avião para a Espanha, país esse, onde ela iria trabalhar, possivelmente como “dançarina”.
Porém, naquele mesmo dia, antes de sair de casa, a jovem passou um tempo enorme no telefone, tendo uma discussão estressante com um homem conhecido apenas por “Pepe”.
O motivo da discussão era o fato da jovem já ter trabalhado antes na Europa, e ter um dívida a receber de 4 mil Pesetas (extinta moeda da Espanha, substituída em 2002 pelo Euro).
Depois de sair de casa naquele dia, ela nunca mais foi vista com vida pela família.
Imediatamente após a veiculação da notícia, o noivo de Geneida veio a Itu. O corpo da jovem foi exumado na manhã do dia 15 de fevereiro, um mês depois do crime. E a suspeita se confirmou. A garota encontrada em Itu, estuprada e estrangulada, era mesmo a jovem mineira, que saiu de casa para receber uma dívida, fazer fama e fortuna na Espanha, mas acabou encontrando a morte, sendo vítima de um crime cruel e covarde.
Quem era “Pepe” e qual a sua “possível” ligação com aquele brutal assassinato, a polícia local jamais iria saber.
O corpo da bela mulata foi transportado para a cidade mineira de Betim, onde ela seria sepultada, junto com seus planos e sonhos.

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