quarta-feira, 17 de julho de 2013


PAIXÃO ASSASSINA

A MANICURE NILZA MARIA MENDES
 
SEU MARIDO E ASSASSINO RICARDO ALENCAR

AS ARMAS UTILIZADAS NO MACABRO ASSASSINATO
 
 
Cidade de Itu.
Madrugada de 10 de abril de 2012.
Um crime brutal, praticado com requintes de crueldade, está prestes a ocorrer na casa de número 358, da Rua Carlos Cassani, no Santa Laura.
É neste endereço que mora a manicure e auxiliar de produção Nilza Maria Mendes. Ela só tem 30 anos. E vai morrer hoje.
Na mesma residência, também mora o marido de Nilza, o montador Ricardo Alencar, de 31 anos e a filha dela, uma garota de 12 anos.
Muito bonita e trabalhadeira, Nilza é uma pessoa bastante querida no bairro. Trabalha o dia todo na Emicol, enquanto o marido trabalha na Mabe.
Quando chega em casa, no final da tarde, toma um banho, ajeita um pouco as coisas, pega a bicicleta e vai “fazer as unhas” de suas clientes. Nilza tem muitos sonhos e planos, por isso batalha tanto.
Ultimamente, as coisas não andam bem em casa. Seu marido anda excessivamente ciumento. Discussões ocorrem quase todos os dias.
Ricardo, que diz ser evangélico e frequentador fiel de uma igreja, não se conforma com o fato de Nilza manter uma boa amizade com seu ex-marido, pai de sua filha. Ele desconfia que a esposa está tendo um caso. Já insinuou isso diversas vezes. A paranoia dele cresceu tanto nos últimos dias, que Ricardo chega ao ponto de gravar no celular as discussões que tem com a mulher, para ver se pega algum detalhe da briga, que a comprometa.
 Mesmo sem prova alguma, ele está convencido que está sendo traído. E pensamentos ruins passam pela sua cabeça. O tempo todo.
Diversas vezes Ricardo já conversou com um pastor de sua igreja e fez seu desabafo. Hoje enquanto Nilza cuida de seus afazeres, o marido está novamente conversando com o pastor. Fala que está infeliz e conta que acredita estar sendo traído pela esposa. Diz que está se segurando pra não fazer uma besteira.
Em um ato de irresponsabilidade total, por saber que o montador já se encontra desesperado, o pastor diz a última coisa que poderia dizer para um homem alucinado: “a morte está rondando sua casa”. É exatamente isso que o pastor diz a Ricardo.
Na madrugada, Ricardo chega em casa alucinado.  Está mais desesperado e nervoso do que nunca. Nilza se surpreende com a chegada do marido naquele estado e tenta conversar.
Alterado, diz pra ela confessar que o está traindo. Ela nega. Diz que sempre o amou nesses quatro anos que estão juntos e não tem motivo algum para cometer uma traição.
A frase dita pelo pastor “a morte ronda sua casa”, está explodindo na cabeça de Ricardo. Ele não quer conversar mais, exige que a mulher confesse de qualquer maneira que tem outro. Ela continua negando.
“Endemoniado”, como ele próprio contará no dia seguinte, Ricardo pega duas afiadas facas de cozinha e parte como um louco pra cima da esposa.
Nilza se desespera e grita pra ele parar. Ele responde enterrando uma das facas até o cabo no peito dela. A filha de Nilza está em casa e presencia a cena.
O demônio que dominou a mente de Ricardo quer mais sangue. Ele não vai parar apenas com uma facada.
 Enquanto a esposa agoniza, ele desfere outra facada, depois outra, mais outra e mais outra... Só para depois do sexto golpe. Nilza cai ensanguentada no chão.
Com as duas facas na mão e um olhar assassino estampado no rosto, Ricardo olha para a filha da esposa, testemunha do crime.
A menina percebe que vai morrer se não fugir agora. Ela sai correndo, passando sob o corpo ensanguentado da mãe e vai pra fora chamar por socorro.
Um sobrinho de Nilza, ouvindo a gritaria, olha pela janela e ainda chega a ver a vítima sendo agredida por Ricardo.
O assassino foge da casa antes de ser detido pelos parentes da esposa que moram próximo, e se embrenha na mata. Não será capturado hoje.
Nilza chega a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros. Mas já é tarde. Tarde demais.
A Polícia Militar chega ao local do crime, realiza buscas nas imediações, mas não encontra o assassino.
Ricardo está escondido na mata, andando de um lado pra outro na escuridão, paranoico, alucinado e pensando seriamente em se suicidar. Mas não tem coragem.
Na manhã seguinte, quando o dia já clareou, Ricardo começa a rondar sua casa, onde matou a mulher. É visto por uma vizinha que aciona a Polícia Militar. Porém, antes que as autoridades cheguem, ele é visto por outros vizinhos. A revolta é grande. Ricardo é abordado por moradores das proximidades e começa a ser agredido. A intenção dos vizinhos é linchá-lo até a morte pelo crime que cometeu.
A polícia chega na hora em que ele começa a apanhar. E o salva do linchamento.
Conduzido ao 1º Distrito Policial, Ricardo é autuado e preso em flagrante por homicídio qualificado.
Nilza é sepultada na manhã seguinte.
 JULGAMENTO DE UM ASSASSINO
Dia 18 de abril de 2013.
São 13h e o Fórum de Itu está lotado.
Faz um ano desde o assassinato de Nilza.
O dia está ensolarado.  A tarde quente.
Alguns advogados estão suando dentro de seus ternos escuros.
Mas, a maior preocupação de Ricardo Alencar, não é o calor,  nem as correntes que prendem suas pernas, causando um visível desconforto.
De cabeça sempre baixa, ele veste o uniforme marrom, usado no presídio onde cumpre pena há um ano e chora muito.
Hoje é do dia de seu Júri Popular.
Assim que os jurados são sorteados o Juiz dá a palavra  Ricardo.
Quase sem conseguir falar, ele pede perdão para toda a família da vítima que está no tribunal e diz que não gostaria que vendessem a casa que ele e a esposa construíram. Diz  que a vontade dele é que a casa fique para  a filha de Nilza, e para seu filho pequeno, de outro relacionamento.
Em seguida, começa sua defesa. Conta que na data do crime,  por volta de 1h da manhã, chegou em casa, vindo do trabalho e começou a conversar com a esposa sobre a separação dos dois. Segundo o réu, Nilza pegou uma faca e partiu pra cima dele. Para se “defender”, diz que pegou outra faca e esfaqueou a esposa.
O advogado de Ricardo insiste na tese de “legitima defesa”, e que a família poderia ter interferido na hora do crime, já que estavam presentes do lado de fora da casa. Em dado momento, o advogado também alega que o réu tem problemas psicológicos. E é nesse momento que o próprio Ricardo interfere e contesta o advogado. Diz que não concorda com o que seu advogado diz.
O promotor Luiz Carlos Ormeleze pede a condenação do réu por homicídio qualificado, por motivo torpe (nojento, indecente, infame, desonesto, vergonhoso) e requintes de crueldade. Pede  que o Júri  condene o assassino a pena máxima. Ormeleze chama o réu de mentiroso, por alegar legítima defesa, ao desferir seis facadas na esposa.
O julgamento termina com Ricardo Alencar sendo condenado a 16 anos de prisão, sendo 14 pelo assassinato, 1 por motivo torpe e mais 1 por  requintes de crueldade.
A família da vítima fica satisfeita que a justiça tenha sido feita e agradece de todas as formas o que eles consideram uma excelente atuação do promotor Luiz Carlos Ormeleze.
Ricardo é mandado novamente para o presídio onde cumpria pena até o julgamento, já com a condição de ser transferido para uma penitenciária, onde cumprirá sua sentença.
Como é réu primário e até onde se sabe, um “preso exemplar” , não será surpresa alguma se daqui a cinco anos ou menos, Ricardo já estiver  andando pelas ruas de Itu, de indulto ou até mesmo de regime semiaberto.  
Afinal, o nome desse país...  ainda é Brasil!
 


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