segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A MORTE DO GUARDA PAIXÃO


Sexta-feira. Dia 24 de novembro de 2000.
São 21h30.
Três homens armados entram numa farmácia localizada na Rua Floriano Peixoto, e anunciam o assalto.
Diante de violentas ameaças, contra funcionários e clientes, os ladrões levam cerca de R$ 400 do caixa e mais R$ 150 de duas pessoas no interior da loja.
Assim que deixam a farmácia, os ladrões abordam um bancário conduzindo um Monza verde, que passa pelo local. Com a arma na cara, o motorista é obrigado a entregar o veículo, para a fuga dos criminosos.
O Monza acelera pela Floriano, vira a esquina do Correio em alta velocidade, desce pela Garcia Moreno e entra na Santa Rita. O veículo está em alta velocidade.
Perto dali, o guarda civil municipal Manoel da Paixão Santos, de 37 anos, está fazendo segurança em frente de uma clínica odontológica da Santa Rita.
Paixão, como é mais conhecido, está fora do horário de serviço, sem farda e desarmado. A ficha de Paixão como GCM, é impecável. Admirado e respeitado pelos companheiros e superiores, ele é um exemplo de bom profissional. Nos círculos de amigos, é tão querido pelos companheiros quanto pelos familiares. Todos gostam dele.
É por isso que sua morte vai chocar tanto.
Um minuto antes do Monza fazer a curva do Correio, um Opala marron, ocupado por uma mulher e dois garotinhos de 11 e 12 anos, está subindo pela Domingos Fernandes.
A condutora do veículo não faz ideia que um acidente violento está a sua espera.
Faz apenas um minuto que os ladrões deixaram a farmácia.
O semáforo da Santa Rita, fica vermelho. Os ladrões não dão a mínima. Não vão parar.
Aceleram ainda mais.
O Opala está cruzando a esquina quando o Monza acelerado se choca contra ele.
O barulho de vidros se estilhaçando e de metal se retorcendo atrai na hora a atenção do guarda Paixão.
Acostumado a salvar vidas, a proteger seus semelhantes, o guarda instintivamente sai em socorro das vítimas. Ele não sabe do roubo a farmácia. Nunca vai saber. Para ele, os três homens no carro, são tão vítimas, quanto a mulher e as duas crianças no meios dos estilhaços.
É no momento exato que Paixão chega a cena do acidente pra ajudar os feridos, que ele recebe os tiros.
Dois disparos, um acerta em cheio sua barriga. O guarda não faz ideia do porque foi atingido.
Mas os assassinos sim. Eles o reconheceram como guarda e pensando que esse iria prendê-los, atiraram contra ele.
Os criminosos fogem a pé em seguida, enquanto as vítimas do outro carro são socorridas por populares que presenciam o acidente.
Paixão, baleado, fica caído em frente a uma vidraçaria. É socorrido pouco depois até o hospital, mas não resiste ao ferimento e morre.
Em poucos minutos, o Centro fica forrado de viaturas da Polícia Militar e Guarda Municipal.
Tanto a informação sobre o assalto, quanto a do assassinato do guarda já estão na rede da polícia.
Na mesma noite, um suspeito, identificado como Cláudio Martins, de 29 anos, é capturado na Escola Convenção, onde estava escondido. Ele porta um calibre 38. O suspeito, bastante machucado, devido ao acidente automobilístico é levado até o hospital, medicado e encaminhado até a Delegacia Central. Neste local, é reconhecido pelas vítimas do roubo e confessa o crime.
Ainda nessa noite, começa um intenso trabalho de investigação conjunta entre Guarda Municipal e Polícia Civil, para prender os outros dois criminosos.
Pouco depois, os irmãos Gerson Pereira, de 30 anos e Reginaldo Pereira, 26, são presos em flagrante no Cidade Nova. O primeiro caminhava pela Paz Universal quando foi detido, o segundo estava em casa.
O trabalho de investigação, que foi comandado pelos delegados Moacir de Mendonça e Antônio Góes Filho, reuniu os pesos pesados da Guarda, como Rovaldo, Moraes, Agostini, Freitas e Teixeira. Da Polícia Civil, trabalhou no caso os investigadores Clayton, Durval, Betão, Rocha e Antunes.
Hoje, nove anos após o crime, Paixão ainda é lembrado com muito carinho, admiração e principalmente... saudade!

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