terça-feira, 11 de maio de 2010

MASSACRE NO QUIOSQUE


Sexta-feira, 5 de janeiro de 2005.
Em sua casa, localizada na rua Santo Agostinho, no Jardim Nova Era, o comerciante Lorinaldo da Silva, de 33 anos, pensa no crime que está prestes a cometer.
Durante quatro anos, ele foi amasiado com a comerciante Silvana Beserra da Silva, de 30 anos. Ele acabou se casando oficialmente com ela e conviveu mais 6 anos.
Enquanto estavam juntos, o casal adquiriu vários bens, sendo os principais, uma casa e um quiosque, localizado no Jardim Elizabeth em Salto, entre os cruzamentos das ruas Escócia com a América.
Há oito meses, a união do casal terminou. E foi após essa separação que os desentendimentos maiores começaram. Desentendimentos envolvendo principalmente, a divisão dos bens.
Silvana já registrou vários boletins de ocorrência contra o ex-marido, tanto de ameaças, quanto de lesão corporal dolosa, já que foi agredida fisicamente por ele, mais de uma vez.
As discussões e ameaças, inclusive de morte, ficam cada vez pior.
No dia 28 de agosto, de 2004, após agredir Silvana, Lorinaldo é preso em flagrante com um revólver calibre 32. A arma estava descarregada. Por conta desse processo, o comerciante fica detido uma semana na cadeia.
Quando sai, a ideia de matar sua ex-mulher, por vingança, passa por sua cabeça.
Amigos e conhecidos dizem pra ele tirar essa ideia absurda da mente.
Ele aparentemente concorda. Aparentemente.
Tempos depois, ainda inconformado, ele vai até o quiosque, que está com Silvana, para tirar algumas satisfações com a esposa.
É nesse local, que ele leva uma violenta surra do irmão dela e de um segurança que trabalha no local.
Lorinaldo volta pra casa revoltado, com muito ódio. E sedento de vingança.
E de repente, aquela ideia absurda de matar a ex- mulher... já não parece tão absurda assim.
Enquanto raios cortam o céu e trovões anunciam a chuva que está prestes a cair, Lorinaldo verifica o tambor do revólver calibre 38 em suas mãos. A arma está carregada. Seis balas. Para o que ele vai fazer, a munição é mais do que suficiente.
São 20h30. A noite de sesta-feira vai ser macabra.
A chuva já começou.
Silvana, sua irmã Gislaine Cristina, de 14 anos, ambas residentes em Itu, a cunhada das duas irmãs, Monica Aparecida Mometto, 26 , e o segurança e ex- guarda civil municipal Rogério Aleme, 41, estão recolhendo as cadeiras que estão na parte externa do quiosque.
O segurança não tem nenhum envolvimento com a surra que o comerciante levou há pouco tempo. Mas está no lugar errado, no dia e horário errado.
Se está ali para proteger, Rogério, que mora na rua Tomaz Antonio Gonzaga, na Vila Teixeira, não vai poder cumprir sua função. Não vai conseguir proteger nem a si próprio.
A chuva já está bem forte, quando Lorinaldo se aproxima do quiosque.
Seu olhar é vazio e assusta todos que estão no local.
O comerciante não diz uma única palavra, quando saca o 38 da cintura.
Silvana se assusta e tenta fugir. Não consegue. Ela é baleada pelas costas e cai no chão ainda viva. Lorinaldo se aproxima e dispara outro tiro, a queima-roupa, desta vez, na cabeça dela. Uma testemunha, ao ver os disparos, consegue fugir e se esconder atrás de um carro, de onde presencia o massacre. Ela vai ser a única sobrevivente para contar a história.
Após atirar na ex- mulher, o comerciante se volta para o segurança. Rogério está tentando fugir da matança, quando recebe um tiro nas costas. Ele ainda se esforça para conseguir sobreviver, atravessa a rua e cai na porta de um comércio. Lorinaldo vai atrás dele e dispara outro tiro, na cabeça. O segurança não se move mais.
A chacina ainda não está completa, a sede de matar ainda não foi saciada.
O comerciante sabe que a irmã de sua ex, e a cunhada dela, estão escondidas dentro do quiosque, deitadas no chão. Ele quer matá-las também.
As duas choram e rezam pedindo proteção a Deus. Se Ele ouviu, as preces jamais serão atendidas. Não nesta vida.
Lorinaldo ainda tem duas balas no revólver. Uma ele dispara em Gislaine, a outra ele reserva para Monica. Após efetuar os dois disparos, o matador deixa as duas mulheres sangrando no local e vai embora tranquilamente.
Minutos depois, o Resgate do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Civil e Guarda Municipal, chegam ao local. Fiéis de uma igreja próxima, que passam por ali, ajudam no socorro das vítimas baleadas. Não vai adiantar nada.
Silvana e Monica são as primeiras a morrerem, assim que dão entrada no Hospital Monte Serrat.
Gislaine, em estado gravíssimo, morre no domingo, no Hospital Regional de Sorocaba. No mesmo hospital, na segunda-feira, morre o segurança Rogério.
É manhã de segunda quando os policiais militares Carlos e Giovani, decidem passar na casa do matador pra ver se ele apareceu por lá, já que está sumido desde o dia da chacina.
A surpresa: ao entrarem na casa, se deparam com o matador. Ele tenta fugir pulando a janela e saindo pelo corredor externo, mas é detido pelos policiais.
Conduzido até a Delegacia Central, Lorinaldo revela que após praticar os crimes, fugiu para um matagal nos fundos do Jardim Celani, próximo do Rio Tietê. Foi nesse local que ele se livrou da arma utilizada na matança.
Ele diz ainda que passou as noites de sexta e sábado nas margens do rio e no domingo, foi até o prédio da antiga empresa Marsicano, onde permaneceu, até decidir voltar pra casa.
Sobre os assassinatos, Lorinaldo revela que foi até o quiosque “com intenção de acertar contas”, com as pessoas que o haviam agredido, no caso, o irmão de Silvana e o segurança. Porém, ao não encontrar nenhum dos dois no local, resolveu “atirar em tudo quanto é canto”, segundo suas próprias palavras.
O “massacre do quiosque”, ou “a chacina do quiosque”, como esses crimes ficaram conhecidos, foi mais um caso violento e aterrador que entraram para as crônicas policiais de Salto. E jamais será esquecido.

2 comentários:

Gracielle disse...

Conhecia a gislaine e sua familia ate hoje nao consegue se conformar em perder 2 filhos e uma nora,e mais ainda com o fato do assassino estar souto.

Gracielle

Anônimo disse...

Sou prima das vitimas ainda não esqueci o quando nós sofremos por essas percas soms uma familia muito unida e quermos justiça.