terça-feira, 28 de agosto de 2007

O ASSASSINATO DA LOIRA DESCONHECIDA

A linda loira teve os braços e os seios queimados por cigarro e foi morta com seis tiros fatais Retrato falado da Loira Desconhecida

Epitáfio na sepultura da loira:

"AQUI JAZ NA PAZ DO SENHOR LOIRA DESCONHECIDA"

SEPULTURA DA LOIRA DESCONHECIDA NO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE ITU

Depois de ser morta brutalmente, ela ganhou fama de santa e foi transformada em lenda urbana

Nas primeiras horas da manhã da quarta-feira de 19 de abril de 1972, um garoto se deparou com uma cena aterradora, quando caminhava a pé, pela estrada Itu-Jundiaí (Rodovia Marechal Rondon). Bem próximo da fazenda Pedra Azul, cerca de vinte metros do asfalto, o garoto viu um cadáver de aspecto assustador estirado no chão. Era uma mulher branca de cabelos loiros. Estava nua, com o corpo crivado de balas.

Muito assustado, o garoto procurou um orelhão e tratou de comunicar o fato imediatamente à polícia.Não demorou muito para que os investigadores Dimas, Cruz, e os escrivães Avelino e Akira chegassem ao local, junto com o delegado doutor Mário leite Barros e outros policiais. Vistoriando a cena do crime, os policiais encontraram algumas cápsulas deflagradas, de cartuchos de um revólver calibre 32.

Apesar dos ferimentos de bala, o corpo estava limpo, como tivesse sido lavado. Apresentava várias escoriações e muitos hematomas, deixando claro que havia sido arrastada até o local onde fora encontrada.

O corpo foi removido para o Necrotério Municipal, na época localizado no próprio Cemitério de Itu, onde o legista procedeu autópsia.
O médico responsável expediu o seguinte laudo quando terminou:“ANEMIA PROFUNDA, CAUSADA POR HEMORRAGIA. HOMICIDIO PROVOCADO POR SEIS PERFURAÇÕES DE ARMA DE FOGO”.

Ainda de acordo com o médico, foi constatado várias queimaduras de cigarros, nos braços da mulher , além dos hematomas no corpo, o que indicava que vítima teria sido torturada antes de morrer.
Fato intrigante, é que embora a vítima fosse uma mulher muito bonita e tivesse sido encontrado nua, não havia indício algum de que sofrera qualquer tipo de violência sexual, o que de imediato descartava a hipótese de estupro seguido de homicídio.
O delegado da época, Mário Leite de Barros concluiu que a mulher havia sido morta em outro lugar e posteriormente “desovada” naquele local. As cápsulas de balas no local, estariam lá apenas para disfarçar, uma tentativa do assassino, de querer confundir a polícia. Ainda de acordo com o delegado, aquele assassinato tinha todas as características de crime passional, ou seja, cometido sobre forte emoção.

Naquele momento, o maior problema da polícia não era apenas descobrir o autor do crime. Era identificar a vítima.
A loira não era só linda. Era perfeita. Tinha as mãos, os pés e os cabelos muito bem tratados. Alta e dona de um corpo escultural, aparentava 32 anos de idade, mas poderia ter menos. Mesmo morta, era difícil não notar que a loira era uma mulher muito sexy.

A primeira impressão que tiveram sobre ela, é que fosse uma modelo ou atriz de São Paulo.
Talvez até de outra cidade da região, ou de alguma distante. Mas não de Itu, pois ninguém a conhecia. Centenas de pessoas compareceram no funeral, quando a notícia do bárbaro crime se espalhou. Centenas de pessoas a viram no caixão. Ninguém a reconheceu ou se lembrou de já tê-la visto alguma vez. A polícia estava totalmente no escuro em relação ao caso da loira desconhecida. Não havia uma única pista, prova, ou qualquer evidência que ajudasse na elucidação do caso. A única certeza, é que não havia certeza de absolutamente nada.
Ninguém sabia quem era o assassino e muito menos a vítima.
SEPULTURA SEM NOME
As notícias sobre o brutal assassinato da loira transformaram-se nas principais manchetes dos jornais da região, nos dias seguintes ao crime, e acabou repercutindo até na Capital, tamanho mistério e brutalidade envolvendo o caso.
A população ituana estava aterrorizada com o crime macabro que havia abalado Itu, até então tido como pacata cidade do interior paulista. Não que outros crimes brutais não houvessem ocorrido antes na cidade, mas não era comum algo tão hediondo ocorrer daquela maneira e ficar sem uma explicação. Em crimes ocorridos no passado, tanto a vítima quanto o assassino eram conhecidos. Mesmo que não justificasse, sempre havia um motivo, algo que explicasse o porque do crime.
Mas no caso da loira era diferente. Ninguém sabia o motivo. Ninguém sabia quem era o autor. E o fato de que nem mesmo a vítima fora identificada, estava aterrorizando a população. Um perigoso assassino de mulheres, com todas as características de um serial killer poderia estar a solto na região. E ninguém sequer imaginava quem ele era.
Não havia suspeitos, ele poderia ser qualquer um.Talvez, naquele momento, já poderia estar muito longe, ou pior, muito mais próximo do que qualquer um poderia imaginar. Não havia como saber. Só restava esperar que a polícia o prendesse para finalmente esclarecer o mistério.
Mas a polícia, tinha seus próprios problemas.
Apesar do intenso trabalho de investigação que estavam fazendo para solucionar o caso, os policiais ituanos não conseguiam sair do escuro. Não tinham absolutamente nada. Sabiam tanto quanto qualquer um que tivesse lido os jornais.
A morta não portava nenhum documento que pudesse fornecer uma pista de sua identidade. Se soubessem quem era a vítima, a chance de encontrar o assassino se multiplicaria. Mas não sabiam.
O fato de nenhum parente ou conhecido aparecer para uma possível identificação da vítima, também causava estranheza, já que o caso já era notícia em todo o Estado. Quatro dias depois de ser encontrada naquela situação tenebrosa, a mulher acabou sendo enterrada na sepultura de número 328, da quadra Paz Celestial, do Cemitério Municipal de Itu, onde na ausência de seu nome verdadeiro, tempos depois colocaram uma placa de bronze com o epitáfio: “AQUI JAZ NA PAZ DO SENHOR LOIRA DESCONHECIDA”.


LOIRA DESCONHECIDA VIRA SANTA
Com o passar dos anos, a loira ganhou fama de santa, pois de acordo com muitas pessoas ela passou a realizar milagres para quem pedisse preces em sua sepultura.
Muitas dessas pessoas, entre elas uma bondosa senhora chamada Dona Malvina, que inclusive foi a pessoa que doou um lindo vestido de noiva, com o qual a loira foi enterrada, passaram a cuidar da sepultura da loira, gratos pelas preces que ela teria atendido.

LENDA URBANA
A loira misteriosa não ganhou apenas fama de santa. Ganhou fama de se transformar em um fantasma sinistro e aterrador.
Um ano após sua morte, surgiram diversos rumores de que ela estava aparecendo nos banheiros das escolas locais, vestida de noiva, do jeito que foi enterrada, e apavorando as crianças dos colégios.
O caso acabou se transformando em histeria coletiva, já que todas as crianças se recusavam a ir para as escolas, morrendo de medo de se deparar com a loira fantasma.
Pelo menos em Itu, a lenda urbana da LOIRA DO BANHEIRO (inventada na década de 1960 por um repórter do extinto jornal Notícias Populares) começou após o brutal assassinato da loira desconhecida.Também surgiram relatos que durante a madrugada ela aparecia sentada em cima de uma pedra, no local onde seu corpo foi encontrado. Este local, que era uma parada de caminhoneiros, acabou ganhando fama de mal assombrado, e nunca mais um caminhoneiro ousou parar ali. Por nunca ser identificada e o caso não ser esclarecido, os policiais da época passaram a chamar o crime de O CASO DA LOIRA SINISTRA.


O último dia de um policial militar

Faltavam poucos minutos para as 15 horas, quando a viatura dos policiais militares, Jonas e Gusmão, avistaram dois elementos em atitudes suspeitas, em uma das ruas do Jardim Aeroporto.
Era dia 7 de fevereiro, de 1984.
Ao perceberem que seriam abordados pelos policiais, para uma averiguação de rotina, os dois rapazes saíram em disparada.
Fugiram em desespero, dando a entender que estavam escondendo alguma coisa.
Um deles adentrou um espesso matagal do bairro, e desapareceu logo em seguida.
O outro, identificado como Antonio Carlos, um jovem de 23 anos, já conhecido nos meios policiais, invadiu o quintal de uma residência, pulando pelo portão.
Decididos a capturar o suspeito, os dois policiais se dividiram. Jonas ficou cercando a frente da casa, enquanto seu parceiro Gusmão, foi pelos fundos, para tentar impedir a fuga.
Nesse meio tempo, a correria nas ruas atraiu a atenção de alguns populares.
Barbosa, um PM residente nas imediações, que naquele dia estava de folga, ao perceber a movimentação e se inteirar sobre os fatos, pegou sua arma e saiu em apoio aos companheiros.
De repente, vários tiros foram disparados no quintal da residência invadida.
Depois, veio o silêncio total. A expectativa.
Sem o menor aviso, de acordo com as testemunhas que presenciaram o fato na época, Antonio surgiu com seu revólver na mão, efetuando vários disparos contra os dois policiais que se encontravam na frente da casa.
Os dois PMs revidaram a altura.
De forma precisa, certeira e fulminante, Jonas e Barbosa acertaram o atirador, que tombou sem vida ali mesmo.
Imediatamente adentraram a residência à procura do amigo. Já era tarde demais.
O policial Gusmão, dono de uma ficha exemplar, bastante conhecido na cidade por sua educação, coragem e determinação, havia sido atingido por um tiro nas costas.
Mesmo sendo socorrido rapidamente até o hospital, já chegou morto.
Tão morto quanto seu próprio assassino, que não viveu mais de 5 minutos, após o crime.
Uma hora depois, sob o comando do tenente Ben-Hur, cerca de 50 policiais realizaram uma verdadeira caçada na cidade, a procura do segundo elemento envolvido na perseguição. Ele não foi encontrado.
Gusmão foi sepultado no dia seguinte a sua morte. Inúmeras pessoas lamentaram a perda.
Em um dos períodos mais violentos que a cidade de Itu atravessava, um dos melhores policiais perdia a vida. Era o preço a se pagar, para quem um dia jurou servir e proteger a qualquer custo. Um preço alto. Alto demais.
Duas semanas depois, um criminoso de alta periculosidade, procurado em todo o Estado de São Paulo, roubou um Del Rey em Sorocaba, trocou tiros naquela cidade e acabou chegando em Itu.
Na Rodovia do Açúcar, foi perseguido pelo Tático Móvel, dos policiais militares Giacomelli, Savassa, Domingues e Tempesta.
O nome do elemento era Alcidir Carlos Desidera. Seu maior erro naquele dia, não foi efetuar o roubo em Sorocaba.
Não, seu maior erro, um erro fatal, foi ter atirado nos policiais do tático.
Uma dos tiros que Desidera disparou, passou a 10 centímetros da cabeça de um dos PMs e atravessou o banco da viatura. Foi a gota d´agua.
O último erro que Desidera cometeu na vida.
Os policiais revidaram com vários disparos.
Uma das balas estourou a cabeça do criminoso. O Del Rey se perdeu e caiu em um abismo de 50 metros de altura. Desidera só saiu de lá em um saco plástico, horas depois.
Naquele trágico mês de fevereiro de 1984, a PM matou dois e perdeu um.
Dois pra policia, um para os criminosos.
Aquela batalha estava terminada.
Mas, a guerra... estava só começando.

O ASSASSINATO DE ALMEIDA JÚNIOR

O FAMOSO PINTOR ALMEIDA JÚNIOR
E SEU QUADRO "SAUDADE"

Existem inúmeras versões sobre o assassinato do famoso pintor Almeida júnior.
O assunto é polêmico, controverso.
Ao narrar esta história, não tenho pretensão alguma de bancar o historiador, e com isso acrescentar ou tirar algum detalhe desse crime polêmico, que não só abalou Itu, mas todo o Brasil.
Para mim, tanto o aspecto do assassino quanto o da vítima não tem a menor importância. Nunca teve.
Retirei a maior parte das informações deste caso, do livro “Almeida Júnior através dos tempos”, do escritor Jorge Luiz Antonio, e de vários outros documentos, baseados nos jornais da época.
José Ferraz de Almeida Júnior, nasceu em Itu, no dia 8 de maio de 1850. No dia 20 do mesmo mês e ano, foi batizado na igreja da Matriz.
Desde a infância demonstrou talento impressionante para a pintura.
Já adulto, durante uma exposição, Dom Pedro 1º ficou espantado com a genialidade do rapaz, e decidiu lhe dar uma bolsa de estudos, para cursar pintura em Paris.
Quando retornou, Almeida Júnior já era um dos melhores pintores da época.
Ficou rico e famoso.
Almeida Júnior tinha um casal muito intimo de amigos, eram eles José de Almeida Sampaio (parente do pintor, segundo afirmações vagas) e Maria Laura do Amaral Sampaio.
Eram tão íntimos, que Almeida Sampaio se hospedava na casa do pintor até mesmo quando ele não estava lá. O casal residia em Rio das Pedras, na fazenda Boa Esperança, próximo de Piracicaba.
Não se sabe ao certo quando o pintor conheceu Maria Laura, jovem muito atraente. Mas, sabe-se que o pintor mantinha um caso com ela, mesmo sabendo que esta era esposa de seu amigo intimo.
Sampaio, homem simples, de pouca cultura, era bem mais jovem que o pintor rico e bem sucedido.
Historiadores arriscam dizer que na década de 1890, quando toda a história se desenrolou, Sampaio já estava falido, e recebia suporte financeiro do famoso pintor, que se aproveitando da situação, passou a manter relações intimas com Maria Laura.
De acordo com a história, em 1899, Sampaio teria ficado sabendo que sua esposa fora visto entrando sozinha no atelier de Almeida Júnior, na rua da Glória em São Paulo, onde ele também residia, quando não estava viajando.
Em 10 de novembro de 1899, Almeida Júnior esteve em Piracicaba e conversou com Sampaio, dizendo pra ele que iria para São Pedro e voltaria a Piracicaba no dia 13 de novembro.
Meio desconfiado, Sampaio não acreditou muito na história. Achou que havia algo errado.
Como tinha livre acesso a casa do pintor, aproveitou a ausência dele e foi até São Paulo. Revirando o atelier, teve uma drástica surpresa ao encontrar várias cartas intimas, todas com confissões pessoais, endereçadas ao pintor. Eram escritas carinhosamente por Maria Laura, sua esposa. Descobriu através de um bilhete que sua mulher estava se encontrando com o pintor em João Alfredo, nas imediações de sua fazenda.
Os dois eram amantes. E, há bastante tempo.
A descoberta deixou Sampaio perplexo. Ficou possesso, queria morrer. Não se conformava com tamanha traição, das duas partes, do amigo intimo e da esposa fiel.
Na rua, disse para conhecidos que queria morrer.
Dois dias depois, Sampaio entrou no escritório do ex-presidente da República, o advogado dr. Prudente de Moraes Barros, e mostrou as cartas comprometedoras, pedindo a separação legal.
Mas, antes que qualquer coisa se resolvesse, Sampaio tomou outra decisão. Iria lavar sua honra com sangue. Não poderia suportar viver com o fato de que fora traído por sua esposa e pelo melhor amigo.
Não, Sampaio queria vingança. Queria sangue. O sangue de Almeida Junior.
Ele sabia quando e onde o pintor iria chegar.
Na tarde do dia 13 de Novembro de 1899, Sampaio se armou com uma faca afiadíssima e foi esperar a chegada do amigo, na porta do Hotel Central, em Piracicaba.
Pelo fato de que aqueles eram os últimos dias do século, havia uma grande histeria dominando a população, que acreditava que o mundo iria acabar, como sempre acontece nas viradas de século.
Naquele dia, alguém teria dito ao pintor que o mundo acabaria.
Já eram mais de 14 horas, quando a luxuosa carruagem estacionou na frente do hotel.
Tarde ensolarada. Rua cheia de pessoas circulando por todos os lados.
Maria Laura desceu da carruagem com seus cinco filhos, acompanhada por sua cunhada, Ana Blondina.
Laura estava com 28 anos de idade.
Sampaio observava a cena do outro lado da rua. Ele estava com 37 anos.
Almeida Júnior foi o último a sair da carruagem. Trazia uma cesta em cada mão. Estava com 49 anos.
Sem o menor aviso, Sampaio partiu pra cima do pintor. Empurrou-o com violência contra a parede e disse: “Você não foi a São Pedro! Você foi a João Alfredo!” A faca afiada guardada no colete surgiu em suas mãos.
O acerto de contas havia chegado. Era o momento da vingança.
Para Sampaio era a hora de matar. Para Almeida Júnior era a hora de morrer.
Antes que pudesse reagir, o pintor levou uma facada na clavícula esquerda.
A faca atingiu uma artéria, no local chamado sangrado, bem próximo do pescoço.
O sangue do pintor esguichou.
Cambaleando, o artista tentou reagir, sacando sua faca. Mas não adiantou. Estava fraco demais. Perdia sangue demais.
O golpe havia sido preciso, fulminante, mortal.
“Não, você não pode me matar. Você roubou a minha honra, mas não vai roubar minha vida”, gritou o assassino, enquanto o amigo tombava com o pescoço esguichando sangue.
“Estou morto, mas que homem ingrato!”, disse Almeida Júnior agonizando.
Foram suas últimas palavras. Morreu logo em seguida a caminho da Santa Casa.
Após o crime, Sampaio caminhou para o interior do hotel, onde foi preso.
Não ficou muito tempo na cadeia.
No dia 29 de dezembro daquele mesmo ano, Sampaio foi absolvido por unanimidade no tribunal. A defesa alegou que a honra do réu havia sido ultrajada. O júri concordou.
Maria Laura rompeu com o marido e foi viver em Indaiatuba, onde possuía familiares. O divorcio saiu em 1902, e ela morreu onze anos depois, em 1913.
Sampaio, depois de sair livre, liquidou seus negócios em sua cidade e veio viver em Itu, em uma fazenda. Casou –se com uma italiana, com quem teve um filho, e morreu em 1930.
Almeida Júnior, considerado até hoje pela crítica, o poeta da pintura nacional, está sepultado em um mausoléu da rua 1, quadra 23, no Cemitério da Saudade, em Piracicaba.
Existem inúmeros rumores, que dois dos quadros mais famosos pintados pelo artista, seriam premonitórios, ou seja, uma visão do futuro. Essas duas obras são os quadros “Saudade” e “Recado difícil”.
No primeiro quadro, uma mulher aparece lendo uma carta, ou observando um retrato, com visível saudade. Dizem que o artista teria retratado ali, uma de suas amadas sentindo falta dele, após sua morte.
Na segunda obra, um garoto visivelmente abalado não sabe como dar uma trágica noticia para uma pessoa, que está atrás de uma porta. Segundo rumores, neste quadro, a notícia difícil que o garoto precisava dar era a notícia da própria morte do pintor, para uma amada.
Eu jamais poderia responder se Almeida Junior previu ou não sua própria morte.
Tudo o que sei, é que pelo menos para o famoso pintor, naquela virada de século...o mundo realmente acabou.

O HOMEM QUE MATAVA CÃES NO NOVO ITU
Em 1988, um crime cruel, praticado com extrema covardia, revoltou os moradores do bairro Novo Itu.
Em uma das ruas daquele bairro, morava um homem chamado José.
De acordo com o depoimento que os vizinhos iriam dar nos dias seguintes ao crime, José nunca gostou de animais. De nenhum deles.
Talvez, para impressionar os moradores locais, ou simplesmente por pura covardia, José frequentemente trucidava filhotes de gatos recém nascidos, na frente das crianças do bairro. Ele gostava disso, parecia sentir um certo prazer diabólico em seus atos sádicos e perversos.
Agindo como um verdadeiro maníaco, no dia 6 de janeiro daquele ano, seus atos chegaram ao extremo.
Naquela manhã, José, em uma atitude surpreendente, cortou um frango em vários pedaços pequenos e saiu pelas ruas, do Novo Itu, alimentando todos os cães que encontrava pelo caminho, com a carne envenenada.
Algumas pessoas até estranharam aquela atitude, já que José era famoso pela crueldade que costuma praticar contra os animais.
Um vira-lata, com poucos meses de vida, saiu satisfeito com um pedaço de carne na boca. Mais pra frente, dois cães também foram alimentados.
José perambulou por várias ruas do Novo Itu, com um saco plástico cheio de carne nas mãos. Após terminar sua “missão”, voltou para casa tranquilamente.
Seu trabalho estava feito. Agora só restava esperar. Esperar para ver o resultado macabro de seu trabalho assassino.
Na rua, um garoto viu um cãozinho malhado com o qual estava acostumado a brincar, andando meio trêmulo. O animalzinho começou a vomitar, e olhou para o menino com os olhos tristes, como se estivesse suplicando por ajuda. Até mesmo uma inocente criança conhece a morte quando ela se aproxima. O cãozinho caiu, começou a tremer cada vez mais, e antes que pudesse ser socorrido, estava morto.
Em outras ruas, em outras casas, a cena se repetia. Cães de todas as raças, começavam a passar mal, agonizavam de dor, vomitavam sangue e morriam logo depois. Alguns cães que viviam pela rua, praticamente rastejavam o máximo que podiam e iam morrer na porta das pessoas que os conhecia e lhes alimentava, como se fosse uma despedida. Outros morriam solitários, nas calçadas, no meio do mato e até no meio do lixo.
No final da tarde daquele dia, nove cães, sendo que vários deles tinham donos, estavam mortos pelas ruas do bairro.
A notícia foi se espalhando, as pessoas se reuniram, e ao colocarem todos os animais próximos, formou-se uma pilha assustadora de cães, todos mortos.
Alguém comentou que viu José alimentando os animais com carne, durante a manhã.
Antes que um veterinário desse o laudo, todos já sabiam a resposta: a carne estava envenenada.
No dia seguinte, mais cadáveres de cães estavam espalhados pelas calçadas e ruas do bairro Novo Itu. A matança não parou por ali, outros cães agonizaram por dias, e inevitavelmente, acabaram mortos pelo envenenamento.
Revoltados, os donos dos animais e várias testemunhas procuraram a polícia. Um inquérito policial foi aberto contra José, sendo que ele também seria processado pela sociedade protetora dos animais.
Mas, como o crime ocorreu no Brasil, onde as leis nunca deixaram de ser piadas de mal gosto, José jamais foi preso pela matança assustadora de cães que promoveu naquele 6 de janeiro de 1988.
Enquanto dezenas de crianças choravam e adoeciam pelos seus cãezinhos que nunca mais iriam voltar, José andava livremente por aí, observando outros cães, e provavelmente pensando em quem seria a próxima vítima.
Ninguém sabe quantos cães mais ele matou daquele dia em diante!
Talvez esteja matando até hoje!
Quem é que sabe?

O PADRASTO ASSASSINO

A vítima, um garoto de apenas 14 anos

Casa onde o crime ocorreu



A arma do crime


O assassino


Edílson de Freitas Rodrigues, tinha apenas 16 anos. Era um garoto muito querido e bem relacionado no bairro Portal do Éden, onde morava.
Gostava de estudar, tinha muitos amigos, não dava problemas em casa e até fazia alguns bicos para ajudar à mãe nas despesas domésticas.
Na madrugada do último sábado ( janeiro de 2006) esse menino foi assassinado, de forma violenta, covarde e traiçoeira, pelo homem que ajudou a criá-lo desde os 5 anos de idade.
O autor do assassinato: o próprio padrasto de Edílson, um homem que o menino o chamava carinhosamente de “pai”.
Na madrugada do último sábado teve início uma discussão na casa número 159, da rua Inácio Silveira de Moraes, no bairro Portal do Éden. A dona de casa, Arlete Freitas Rodrigues, de 34 anos, amásia de Antonio Nelson Cabral da Silva, vulgo “Cabral”, de 44 anos, disse para que ele fosse embora de casa, pois não queria mais continuar vivendo com ele. Já estavam juntos há 11 anos.
Além do casal, estavam na casa, Edílson, filho de Arlete, de um relacionamento anterior, e mais duas crianças, um menino de 3 anos e uma menina de 8, ambos filhos de Cabral com Arlete.
Antonio ouviu por alguns instantes Arlete falando que queria a separação, mas continuou calado. Não disse absolutamente nada. Arlete e as crianças foram dormir. A conversa parecia ter se encerrado ali mesmo.
Mas depois que as luzes de apagaram... teve início o terror.
Crime com requintes de crueldade
Eram quase 2 horas da manhã quando Arlete acordou em pânico, ouvindo os gritos apavorados do menino Edílson, que dormia no quarto ao lado.
Foi correndo em seu auxilio, mas no caminho, topou com Cabral. Ele estava todo sujo de sangue. Arlete partiu pra cima de Cabral, que o espancou violentamente.
Percebendo que a mulher não desistiria de passar por ele para ver o filho, Cabral, no extremo de sua covardia, pegou a própria filha de 8 anos como refém e ficou segurando a menina pelo pescoço, ameaçadoramente: “Se você pedir ajuda, vou machucar a menina. Edílson está bem, eu só quebrei o nariz dele”, falava o maníaco.
Mantendo a menina em seu poder, Cabral foi conduzindo Arlete até a cozinha. Durante uma hora, Arlete foi torturada pelo maníaco, que exigia que ela o beijasse se quisesse ver o menino no outro quarto. Ela se recusava, e era ameaçada junto com a filha pelo maníaco. Cabral entrou no quarto, após uma hora de tortura, e constatou que o menino aparentemente já estava morto.
Apavorada, a menina de 8 anos, saiu correndo sozinha pela madrugada, em busca de ajuda. Chegou na casa da tia (irmã de Cabral) Zilda de Menezes Silva, 52 e pediu ajuda.
A tia chegou no local com a menina, a tempo de ver Cabral, já trocado de roupas, saindo e dizendo para Arlete “agora você ficou sem os dois homens da casa”.
O corpo de Edílson estava estendido em uma poça de sangue do quarto. Foi retalhado a facadas por Cabral. O maníaco desferiu tantas facadas no menino, que em um dado momento, a faca até se quebrou.
Os policiais militares Chiarelli e Simões, foram acionados para comparecer ao local. Ao chegarem na casa, encontraram o menino caído perto da cama com diversos ferimentos, e como ainda havia sinais vitais, chamaram uma ambulância.
Edílson foi socorrido por uma ambulância municipal e levado para o PAM da Vila Martins. Mas era tarde demais. O menino já estava morto.
A PM fez diligencias pelo bairro e imediações, mas não encontrou Cabral, que saiu de casa com apenas 20 reais, de acordo com a própria Arlete.
Assassino já praticou crime semelhante
Antonio Nelson Cabral da Silva, vulgo “Cabral”, de 44 anos, é um homem extremamente perigoso. Não por ser forte, corajoso, ou algo do tipo. Não, ele não é nada disso. O que o torna perigoso é o fato dele ser um psicopata, covarde e traiçoeiro, que mata, quando é rejeitado por mulheres.
Em 1990, antes de conhecer Arlete, Cabral era casado com uma outra mulher. Um dia, essa mulher disse que não queria mais prosseguir com o relacionamento. Pagou um preço alto por sua decisão.
Querendo ferir a mulher, Cabral armou-se com um revólver e atirou no pai e no tio da esposa.
Acabou sendo preso, e o julgamento levou muitos anos para ocorrer. Quando finalmente foi condenado (ele já vivia com Arlete nessa época) cumpriu uma certa pena, passando por umas quatro penitenciárias, mas posteriormente foi beneficiado com prisão em regime semi-aberto (um absurdo!). Durante o entra e sai das penitenciárias, Cabral acabou fugido do CDP de Belém, em São Paulo, no dia 03/09/2004 e voltou para casa por conta própria, tornando-se um procurado da justiça.
Cabral zomba da Polícia ituana
Desafiando a polícia da cidade, Cabral retornou na casa onde cometeu o crime na noite seguinte. Arlete não estava em casa. Ele pegou outra faca, documentos pessoais e saiu tranqüilamente do local.
A reportagem da Folha trabalhou nesse caso o final de semana inteiro, e soube que Cabral, estava escondido no próprio bairro. “As pessoas estão vendo ele por aí. Ele se esconde durante o dia e à noite anda pelas ruas aqui do bairro. Ele até comentou com um conhecido nosso, o crime que cometeu”, declarou Zilda, irmã, do assassino.
Pelo fato do número de investigadores de Polícia em Itu ser muito pequeno (para não dizer ridículo), um assassino previsível e sem recursos como Cabral poderia estar atrás das grades poucas horas após o crime, se polícia tivesse mais recursos e uma equipe para caçá-lo no final de semana, já que ele estava “marcando” pelo bairro.
Polícia Militar captura o carniceiro
Seria um absurdo, não, seria inconcebível, um maníaco continuar andando livremente por aí, com uma faca afiada, após retalhar um garoto, em uma cidade do interior, com mais de 200 guardas municipais e mais de 100 policiais militares.
Prender o carniceiro não era só obrigação da polícia, era uma questão de honra.
Por volta das 11h20 de segunda-feira, a polícia militar recebeu uma denuncia anônima de que um indivíduo com as características de Cabral, estaria caminhando pela Rodovia SP 79. Os policiais sargento Furlan e a policial feminina Fasolin, foram averiguar a denúncia.
Próximo da empresa HDL, os dois policiais avistaram um elemento cujas características coincidiam com as que lhe foram passadas.
Assim que abordaram o suspeito ele admitiu ser Cabral, mas ele não pretendia ser preso.
Ele estava determinado a resistir a prisão.
Desafiando novamente a polícia, Cabral, que inclusive estava com as mesmas roupas que vestiu após o homicídio, saiu correndo rumo a um matagal antes que pudesse ser preso. Os dois PMs o perseguiram a pé.
Não tinha mais dúvidas sobre a identidade do suspeito.
Cabral já tinha tomado uma certa distancia dos policiais, e provavelmente não iria ser pego. No momento em que os policias deram ordem para ele parar, Cabral levou a mão dentro da calça, como se estivesse manuseando algo, que poderia ser uma arma.
Os PMs já haviam sido informados que o homicida poderia estar armado, e como já havia matado uma criança, não iria pensar duas vezes para atentar contra os policiais.
Ciente de que sua parceira ou ele próprio poderiam ser atingidos, caso Cabral sacasse uma arma, já que ameaçava pegar uma, o sargento Furlan fez um disparo de advertência, direcionando a arma para o chão. A bala acabou atingindo a perna do maníaco, que só então foi detido pelos policiais.
Imediatamente os dois policiais solicitaram apoio de outro viatura, e logo em seguida os PMs Simões e Chiarelli chegaram ao local e ajudaram a socorrer o assassino, que foi levado ao Hospital Sanatorinhos.
Medicado, foi liberado pouco depois, pois o tiro não foi grave.
Cabral, o carniceiro que matou uma criança inocente, foi apresentado para o delegado doutor Góes no 4º Distrito Policial (Cidade Nova).
No DP, foi levantado que Era procurado pela tentativa de homicídio, que cometera anos antes.
Depois que o escrivão Cláudio Henrique Martins terminou a elaboração do Boletim de Ocorrência, o delegado doutor Góes autuou Cabral por homicídio qualificado e mandou o assassino para o CDP de Sorocaba.
Tendo em vista o crime hediondo que cometeu contra uma criança, Cabral, o carniceiro do Portal do Éden não deverá ser bem recebido pelos presos do local para onde foi mandado.


PALHAÇOS QUE MATAM


O garotinho respirou aliviado quando o sinal da escola tocou.
Cinco da tarde.
Hora de ir embora.
Ele colocou a bolsa do Homem Aranha nas costas, despediu-se da professora e saiu da classe.
Estava faminto. Queria chegar logo em casa para comer os bolinhos que a mãe fazia.
Era um ano qualquer da década de 1990.
Ninguém se lembra mais de seu nome, mas sabe–se que ele tinha nove anos de idade e estava na terceira série.
Sua casa ficava há umas sete ou oito quadras da escola. Na periferia da cidade.
Para encurtar o caminho, ele costumava passar sempre por uma ruazinha de terra, semi-deserta, com vários terrenos baldios tomados pelo mato.
Foi exatamente nesta rua que o garotinho avistou uma Perua Kombi, branca. Os vidros eram escuros. Estava parada.
Antes que ele passasse por ela, a porta se abriu e saiu uma linda bailarina, toda vestida de branco. Uma música começou a tocar e a mulher fez alguns passos bonitos que chamou a atenção do garoto.
É claro que o delicioso algodão doce que ela segurava atraiu muito mais a atenção do menino.
O garoto abriu um largo sorriso e parou admirado diante da mulher sorridente. Ela se abaixou e lhe ofereceu o doce. Ele aceitou na hora. Afinal, era um menino, e meninos gostam de doces.
A música cessou abruptamente, mas ele nem percebeu. Estava ouvindo admirado a mulher dizer como ele era bonito, inteligente e principalmente “saudável”.
Ele já ia continuar seu trajeto para casa, todo orgulhoso, quando o motorista da Kombi saiu do veículo.
Era um palhaço. Ele tinha outro algodão doce na mão.
“Este é para seu irmãozinho” - disse o palhaço forçando um sorriso.
O menino sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Palhaços geralmente eram criaturas engraçadas - pensava ele - mas havia algo de estranho naquele.
Era grandalhão, musculoso, meio estranho.
Tinha um aspecto sinistro, aterrador. O garoto teve a impressão de que a criatura com a cara pintada olhava para todos os lados, como se quisesse se certificar de que não havia mais ninguém por perto.
O menino se lembrou que fora advertido pela mãe, de nunca falar e nem aceitar nada de estranhos.
Mas, mesmo sendo um tanto assustador, aquele era só um palhaço. Tudo bem que não era tão simpático quanto um Ronald Mcdonald , ou carismático como o Bozo, mas ainda assim, era um inocente palhaço.
O garoto esticou o braço para pegar o algodão doce. Foi nesse momento que uma expressão diabólica dominou o rosto do palhaço. A cara pintada transformou-se numa máscara de ódio, perversão e sadismo. Agindo como um verdadeiro maníaco, a criatura agarrou o menino pelo braço, tampou sua boca e o levou a força para dentro da Kombi.
A bailarina trancou a porta do veículo rapidamente, assumiu a direção e deu partida.
Dentro do carro, o sinistro palhaço abriu uma maleta preta, enquanto segurava o menino, que não parava de se bater, tentando escapar. Na maleta havia vários instrumentos cirúrgicos usados em hospitais, como bisturi, tesouras, seringas, entre outros instrumentos afiadíssimos.
O palhaço pegou a seringa com um líquido dentro, e aplicou uma dose no pescoço do garoto, que parou subitamente de se bater.
Pouco depois a Kombi estacionou num local deserto. A bailarina, que parecia ter a experiência de uma enfermeira, e o palhaço, que parecia ser um verdadeiro cirurgião, vestiram luvas de borrachas, jalecos brancos e iniciaram a cirurgia.
O menino de apenas nove anos, foi aberto vivo. Todos os seus órgãos principais foram removidos. Fígado, coração, rins, cada um foi colocado separadamente em pequenos compartimentos de uma caixa térmica, usada exatamente para aquele fim.
Após o trabalho, a carcaça do menino foi jogada no meio do matagal, onde só seria encontrada uma semana depois.
A notícia assustadora se espalhou rapidamente. Alguém, ninguém sabe quem, espalhou rumores sobre o tal palhaço assassino. Nos meses seguintes o palhaço que roubava órgãos passou a ser visto em várias cidades do país. Milhões de crianças em todo o Brasil, inclusive em Itu, estavam com medo de ir à escola. Ninguém queria ser a próxima vítima.
Mesmo com a descrição exata do palhaço e do carro que ele andava, ele nunca foi preso pela polícia. Alguns afirmam que ele anda por aí até hoje, mas as autoridades negam, pois oficialmente... ele nunca existiu.
Não existe prova alguma de que a história acima realmente aconteceu, embora já tenha sido alardeada como verdadeira no país inteiro. Ela é considerada uma Lenda Urbana.
São histórias sensacionalistas que permeiam o subconsciente coletivo de quem mora na cidade grande, embora muitas lendas urbanas sejam originarias de algum caso real.
Geralmente essas histórias são alimentadas pela insegurança natural e motivadas pela violência metropolitana.
Quem não se lembra da loira do banheiro? Do pipoqueiro que vendia balas com drogas...? Do maníaco que atacava pessoas no metrô com uma seringa cheia de sangue com HIV...?
Existem centenas, talvez milhares de lendas urbanas contadas nas mais diversas versões no mundo inteiro.
As histórias sempre aconteceram com o amigo do amigo do outro amigo do cara que está contando o caso. Nunca há testemunhas, nomes, datas ou lugares. Tudo é evasivo.
Algumas lendas, como a do palhaço assassino, são contadas com tantos detalhes, que acabam causando histeria coletiva entre as crianças, que chegam a jurar que viram o tal palhaço e a bailarina.
A polícia já garantiu mais de uma vez que o palhaço assassino, definitivamente, não existe. Só resta às autoridades explicarem agora como tantas crianças foram atraídas e brutalmente assassinadas em todo o Brasil, nos últimos anos, para terem seus órgãos roubados.
Às vezes, aquilo que você não acredita...pode acabar te matando.

OS MATADORES

Pai e filho mataram um policial e feriram outro ao serem surpreendidos pela PM


Faltavam exatamente 30 minutos para meia noite. Era uma sexta-feira, dia 1 de agosto de 1986. Marcelo, um jovem ituano de apenas 19 anos, foi friamente assassinado com quatro tiros, em frente a Fundição Gazzola.
As armas utilizadas: Um revólver calibre 38 e um revólver calibre 32.
Os assassinos: O ex-policial militar Renato, e seu filho, o adolescente A.C.P., de 17 anos.
O motivo: um insignificante acidente de trânsito.
Alguns minutos antes do crime, Renato em companhia de seu filho, estava dirigindo um Monza, no Largo do Carmo. Ao manobrar o veículo, acabou derrubando uma moto que estava estacionada nas imediações.
Sem dar importância ao fato, foram embora dali.
Marcelo, que presenciou tudo, montou em outra moto, com um amigo na garupa e saiu atrás do Monza, com a intenção de anotar a placa e passar para a polícia, já que conhecia o dono da moto derrubada.
Até aquele momento, Marcelo não tinha a mínima idéia de com quem estava lidando. Só iria descobrir tarde demais.
Em frente a Fundição Gazzola o Monza parou.
Os dois ocupantes do veículo já haviam percebido que estavam sendo seguidos por um motoqueiro.
Sem sequer imaginar que estava assinando sua sentença de morte, Marcelo desceu da moto junto com seu amigo e se preparou para iniciar um diálogo com os homens do carro.
Nunca conseguiu.
Pai e filho sacaram as armas e disparam contra os dois rapazes.
Marcelo que estava mais próximo, levou quatro tiros fatais. Seu amigo não foi atingido.
Os dois atiradores entraram no carro e desapareceram.
Gravemente ferido, Marcelo ainda teve forças para se levantar, subir na moto, e pilotar até a Santa Casa, onde morreu minutos depois.
O então delegado doutor Cirineu e os investigadores Rocha, Durval, Sérgio e Antenor, descobriram a identidade dos matadores, e acabaram batendo na porta dos dois na cidade de Sorocaba, onde moravam.
Houve troca de tiros e os dois conseguiram fugir. Os policiais levantaram que Renato e seu filho já haviam tentado cometer um outro homicídio anteriormente, motivo esse pelo qual estavam respondendo um processo criminal.
As investigações prosseguiram, mas apesar dos esforços da polícia, os dois não foram localizados.
No segundo final de semana de fevereiro o caso dos dois matadores teria um desfecho sangrento na cidade de Tietê.
Era tarde da noite. Vizinhos de uma loja de pneus, viram dois elementos suspeitos abrindo a porta da loja. Era Renato e seu filho.
Desconfiados, os vizinhos chamaram a polícia.
Os PMs soldado Sandei, Otacílio e cabo Bristol, chegaram ao local. Assim que entraram na loja, foram recebidos a tiros.
O policial Sandei levou um tiro na perna. Já o policial Otacílio não teve tanta sorte. Foi fulminado com dois tiros certeiros. Os matadores não estavam brincando.
Enquanto prestava auxilio aos companheiros feridos, o cabo Bristol pediu reforços pelo rádio.
Não demorou muito para a Polícia Militar de Cerquilho e Tietê cercarem o local.
Um segundo tiroteio teve início. Em um dado momento, o filho de Renato foi crivado de balas pelos PMs. Eles também não estavam brincando.
Ninguém pode dizer o que se passou pela cabeça do ex-policial, ao ver o filho morto. Ele também sabia que estava cercado pela polícia.
O que aconteceu em seguida, foi uma cena digna de final de filme.
Renato, em uma atitude suicida, saiu do esconderijo e foi atirando sozinho em direção a todos os policiais, fortemente armados. Ele queria morrer? Vingar o filho? Ninguém nunca vai saber.
Ele não acertou mais ninguém.
Mas foi instantaneamente crivado de balas pelos policiais.
Otacílio, o bom policial estava morto.
Marcelo, o jovem amigável estava morto.
Mas, Renato e seu filho, a dupla de matadores que já havia se tornado lenda no interior, também estavam mortos.
Mataram dois e morreram os dois.
Mataram juntos... e morreram juntos.
OS JUSTICEIROS
Uma pessoa comum, sem nenhum antecedente criminal, ou qualquer tendência psicopata, pode de uma hora para outra sair executando seus inimigos? Pode, basta ter o motivo, a frieza e é claro, as armas.
De louco e assassino, está mais do que provado que todo mundo tem um pouco. Basta ler os jornais para ver a quantidade assombrosa de crimes horrendos cometidos por pais de famílias ou filhos exemplares.
Em junho de 1986, o corpo de um rapaz bastante conhecido nos meios policiais, foi encontrado varado a tiros no bairro São Judas Tadeu.
Um dos primeiros fatos apurados pela polícia, é que havia mais de um matador na cena do crime, já que haviam balas diferentes no cadáver.
Pelo fato de conhecerem os antecedentes da vítima, a polícia concluiu que se tratava de algum acerto de conta entre criminosos.
A polícia estava parcialmente certa. Sim, realmente era um acerto de contas, mas não exatamente entre criminosos.
O caso foi parar nas mãos do delegado doutor Cirineu e da equipe do investigador Durval.
Menos de um mês depois, um outro rapaz, amigo do primeiro, também foi encontrado morto nas mesmas circunstâncias. Vários tiros, mais de um matador.
Quem teria cometido aqueles crimes? Por que? A única informação que a equipe de Durval tinha, é que ambos os mortos eram amigos e tinham antecedentes criminais.
Nenhum criminoso das imediações do São Judas e Jardim Rancho Grande davam informações para a Polícia Civil.
Desconfiados de que poderia haverr muito mais por trás dos crimes, do que aparentava, os investigadores passaram a rondar constantemente o bairro São Judas, à procura de pistas que levassem ao esclarecimento dos crimes.
Foi em uma dessas rondas, durante uma averiguação de rotina, que Durval e sua equipe acabaram trombando com os autores das duas execuções.
Eram três rapazes, sendo um de 19 anos e os outros dois de 18 anos. A maior surpresa dos policiais, foi o fato de que nenhum deles tinha passado criminoso. Não eram ladrões nem traficantes, mas haviam se tornado justiceiros. Matadores implacáveis, que caçaram seus inimigos e os mataram sem piedade.
Na ocasião em que foram abordados pelos investigadores, o trio de matadores estava armado. Cada um deles portava um revólver calibre 38, e juntos, tinham mais de 50 balas.
Não ofereceram resistência e nem deram qualquer tipo de trabalho para os policiais.
Levados para a Delegacia, contaram tranqüilamente para os policiais por que haviam executado os dois elementos.
Segundo eles, os três já haviam sido roubados pelos dois rapazes que mataram. Na ocasião não procuraram a polícia porque os dois haviam dito que se o fizessem além de estuprar a mulher de um deles que era casado, iria matar quem ficasse no caminho.
Inconformados com a ameaça e o fato de serem assaltados pelos elementos, que aterrorizavam as imediações, os três rapazes se armaram e saíram para caçar os dois criminosos por conta própria.
Depois de executarem o primeiro, foram atrás do segundo e o mataram, sem piedade, sem clemência.
Ao saber da prisão dos justiceiros, muita gente foi contra o fato, já que eles haviam executado pessoas que ameaçavam a sociedade. Mas, eles não iriam ficar presos.
Pelo fato dos três rapazes serem primários e estarem fora do flagrante, menos de 24 horas após serem presos, saíram tranqüilamente pela porta da frente a cadeia, para responder o processo em liberdade.
Muita gente ficou satisfeita, pois os justiceiros...estavam de volta.

A MORTE USAVA LINGERIE

foto meramente ilustrativa

Loira, linda e mortal, ela estava disposta a ir até as últimas consequências para vingar a morte do irmão
 
(Pelo fato da “assassina” desta história, ser uma pessoa que conheço e ter confiado em mim, anos atrás, ao me revelar os detalhes sórdidos dessa história,  vou me reservar o direito de não dizer seu nome. A foto também é meramente ilustrativa)
 
A loira era maravilhosa.
Pesava mais ou menos 56 quilos. Tinha um metro e setenta de altura.
Cabelos lisos batendo nos ombros, seios grandes e empinados, olhos claros e boca carnuda.
As pernas eram perfeitas e a bunda redonda, mais ainda.
Era sexy e tinha aquele olhar fatal que enlouquecia qualquer homem. Sabia de sua sensualidade.
Em uma noite fria de julho na metade da década de 1980, ela chegou em Itu.
Morava em São Paulo, nas imediações da Estação República,  mas tinha “negócios” para resolver na cidade dos exageros.
Negócios de vida. E negócios de morte.
Um mês antes, um homem havia sido assassinado na periferia da cidade. Mais precisamente no bairro Jardim Alberto Gomes.
Todo mundo sabia quem era o assassino. Todo mundo sabia os motivos do crime: Drogas.
Mas, ninguém disse nada. Ninguém viu nada.
Não houve prisões. Não houve punições.
O morto era apenas um viciado.
Ninguém importante. Só um drogado. Sem pai nem mãe.
Talvez, ninguém se importasse com sua morte.
Talvez.
O assassino continuou perambulando livremente pela periferia da cidade.
Ele se sentia o máximo. O melhor. O perigoso. O matador.
Mas aquele viciado insignificante, morto a tiros na quebrada, sufocado com o próprio sangue que saía de sua boca e nariz, tinha alguém que se importava com ele. Uma prostituta que fazia shows e programas em uma casa noturna da famosa Rua Aurora em São Paulo.
Ela havia saído de Itu na adolescência. Cresceu no Jardim Alberto Gomes, mas por nunca se conformar com a pobreza em que a família vivia, decidiu tentar a sorte na cidade grande.
Virar prostituta foi a maneira que encontrou para satisfazer seus caprichos e suprimir a sensação de miséria, que trouxera da infância.
Ganhou muito dinheiro em São Paulo. Não era rica, mas vivia bem.
Dez anos fazendo programas e economias, lhe rendeu um pequeno  apartamento, um carro popular e algum dinheiro para pagar as contas e viver.
Quando soube na notícia da morte do irmão, ficou arrasada. Eram muito ligados. Ela sempre o ajudou. Sempre o aconselhou. Sempre lhe mandou dinheiro para dividas de drogas, com medo de que um dia ou outro ele acabasse morto.
Ela era do meio, sabia como o esquema funcionava. Dívidas de drogas não tem perdão.
É olho por olho. Dente por dente.
O que mais a chocou quando soube do assassinato, foi a revelação da identidade do assassino.
Era alguém que ela conhecia dos tempos de infância, lá da escola Cícero Siqueira Campos. Um bandidinho patético, que se julgava perigoso, mas que não passava de um “ganso”, cagueta da polícia, pilantra safado e ordinário. Era dessa maneira que ele era descrito no bairro. Os mais íntimos o chamavam de “Neguinho”. Mas ele não gostava do título. Só permitia o apelido por parte de conhecidos muito próximos.
Como Neguinho morreu, muita gente ainda se lembra.
Foi encontrado com o rosto rasgado por uma navalha dentro de seu barraco. Seu pênis estava dependurado, quase fora decepado pelo corte profundo.
Um talho enorme abria sua garganta de um lado a outro.
Oficialmente, o caso nunca foi esclarecido.
Ninguém sabe, ninguém viu nem ouviu, quem retalhou Neguinho.
Mas, uma dona de casa exemplar, bem casada, hoje  na casa de seus sessenta anos, mãe de dois filhos já adultos, sabe exatamente como foi o crime.
Ela sorri quando se lembra da doce vingança. A lembrança de um crime que já prescreveu, e que ela jamais vai responder por ele. Ela matou o assassino de seu irmão, do jeito que ele merecia. Ela o sangrou como um porco. Até a morte.
Em um  sábado, meados dos anos  80, a loira tomou um delicioso banho em um hotelzinho barato da Praça da Matriz. Pintou os olhos, se perfumou e passou um batom vermelho. Vestiu uma minúscula calcinha branca. Colocou uma cinta-liga sexy, um sutiã meia taça que deixava seus  seios ainda mais empinados e vestiu uma blusa que deixava suas costas a mostra.
Colocou uma minissaia preta, bem agarrada e complementou com um provocante salto-alto.
Abriu sua bolsa de couro e certificou-se de que sua navalha estava lá dentro. Estava. Em São Paulo, uma prostituta que se prezasse naquela época, nunca sairia de casa sem sua navalha.
Estava perfeita. Maravilhosa. Deslumbrante. Vestida para matar!
A loira saiu rebolando do hotel por volta das 23h.
Por onde passava era chamada de “loira gostosa, loira deliciosa”. Ouvia inúmeras  palavras obscenas.
Ela gostava daquilo.
Estava acostumada a ser desejada, cobiçada e possuída por homens de toda espécie.
Tinha plena consciência de sua sexualidade e contava com isso para realizar sua vingança.
Quando chegou ao forró no bairro Padre Bento,  onde já sabia que seu alvo estava, ela tornou-se o centro das atenções.
Depois de perceber que estava sendo notada por um certo indivíduo há muito tempo, ela “sobrou” pra ele. “Neguinho” não acreditou quando percebeu a loira gostosa dando bola.
Ele sabia quem ela era. Lembrava-se dela do passado. Mas, na sua mente de ladrão ignorante, pensava que a loira não sabia que ele havia matado covardemente o irmão dela.
Três tiros. Foi assim que Neguinho havia derrubado o moleque um mês antes.
Assim que a loira saiu para “tomar um ar”, Neguinho saiu atrás.
A isca estava lançada.
Foi atrás da loira perfumada como um louco.
Ele se encontrou com ela na pracinha da igreja, pra baixo do forró.
Ela sorriu. Trocaram algumas palavras. Ela foi direta. Falou seu preço. Neguinho aceitou.
Ia se dar bem. Uma bagatela para transar uma hora inteira com a loira deliciosa.
Não sabia o que o esperava realmente.
Foram até o barraco imundo e miserável onde ele vivia, nas imediações da igreja Nossa Senhora Aparecida.
A loira pediu para ele pagar adiantado. Ele pagou.
Neguinho, visivelmente excitado passou as mãos pelas coxas e seios da loira. Não estava conseguindo se conter.
Com voz baixa e sensual, a loira mandou ele se deitar, disse que  iria fazer “tudo”.
A cama de madeira podre, escorada por tijolos, rangeu quando Neguinho, já sem roupa, deitou-se sobre ela.
A loira perguntou onde ficava o banheiro. Neguinho apontou com o dedo.
Ela disse que ia se trocar e já voltava.
Minutos depois ela saiu só de lingerie e  salto. Estava com as mãos pra trás.
Foi rebolando em direção a Neguinho.
Ele já estava quase explodindo de tanta vontade de fazer sexo. Ela via sua ereção subir cada vez mais. Por fora era uma loba insaciável, por dentro, uma víbora assassina, prestes a matar.
Bem devagar, a loira se ajoelhou na cama, foi subindo de mansinho e curtindo cada segundo da excitação de Neguinho.
A loira segurou com a mão esquerda no pênis do excitado “cliente”.
Ele se contraiu de tanto desejo.
“Vou acabar com você” - disse Neguinho sorrindo.
A loira sorriu maliciosamente.
Sem o menor aviso ela ergueu a mão direita com a afiadíssima navalha e disse:
“Eu ia dizer a mesma coisa”.
O sangue jorrou longe.
Dois dias depois quando o corpo foi encontrado, a Polícia Civil da época classificou o crime como “acerto de drogas”.
O crime foi noticiado na época pelo Periscópio e pelo extinto Jornal de Itu, e em nenhuma das matérias, teve qualquer menção sobre uma loira sexy e enigmática, que parece ter saído de um conto de crimes para realizar uma vingança implacável.
Neguinho, assassino, bandido, cagueta filho da puta, morreu exatamente do jeito que matou... na crocodilagem.

 
O DIA EM QUE MARGARIDA GALVÃO FOI CRUELMENTE ASSASSINADA
 
Na quadra número 2, sepultura 51 e 52 do Cemitério Municipal de Itu, está enterrado ao lado de sua esposa e um de seus filhos, o ex tenente do Exército, Donato Massa. Ele nasceu no dia 28 de setembro de 1902 e morreu no dia 19 de setembro de 2000, nove dias antes de completar 98 anos.
Ele era provavelmente, a última ou uma das últimas pessoas vivas a lembrar-se com clareza dela. Era conhecido da vítima.
Foi ele quem mandou construir a pequena capela localizada no meio da quadra 11, do mesmo cemitério, onde ela está enterrada até hoje.
Margarida Galvão! Esse era seu nome. Ela  tinha 26 anos, quando ela morreu de forma trágica. Donato nunca se conformou com a morte dela. Contou e recontou a história de Margarida Galvão, durante toda sua vida, e hoje, repousa a menos de trezentos metros dela.
Nascida e criada em Itu, Margarida era uma das mais belas mulheres da cidade no início do século vinte.
Simpática, atraente e muito educada, despertava o interesse de muitos homens.
Um dia cometeu o maior erro de sua vida. Entregou seu coração para Leopoldo de Almeida, um homem tão apaixonado quanto violento.
Casaram, mas nem de longe foram felizes para sempre.
Leopoldo trabalhava durante o dia, enquanto Margarida cuidava da casa. Se ela realmente o amava ninguém nunca  saberá. Diziam que sim. Mas, da parte de Leopoldo, nunca houve dúvidas.  Seu amor por ela beirava a obsessão. Possessivo, vivia tendo crises de ciúmes da mulher. Inúmeras vezes se desentenderam por esse motivo. As brigas foram ficando cada vez mais frequentes e violentas durante o pouco tempo em que foram casados.
Leopoldo achava que todos queriam sua esposa, que por sinal, sempre lhe respeitou e foi fiel. Tinha medo de perdê-la a qualquer momento. Não podia nem mesmo considerar essa possibilidade. A mulher era tudo pra ele. Por ela, ele estava disposto a matar ou morrer. Principalmente matar.
Margarida nunca levou uma vida fácil ao lado do homem com quem aceitou viver na tristeza e na alegria, na saúde e na doença.
Provavelmente, durante as inúmeras brigas do casal ela era ameaçada de morte pelo companheiro.
Talvez ela acreditasse, talvez não, seja como for, se um dia ele ameaçou matá-la, realmente cumpriu a promessa.
Foi de forma cruel, sádica e perversa. Um crime macabro, praticado por um monstro assassino.
Era dia 17 de julho de 1916. Por ciúmes, como já era de se esperar, Leopoldo havia brigado com a mulher novamente. Mas desta vez foi pior.
Depois de uma violenta discussão com a esposa, que provavelmente culminou em agressões físicas, Leopoldo jogou querosene por todo o corpo dela, e em seguida... ateou fogo. Os gritos da mulher com o corpo em chamas, não o comoveram. Ele não fez nada, apenas ficou olhando enquanto ela se debatia inutilmente tentando apagar as chamas que derretiam sua carne e a matavam de forma dolorosa.
Após uma tortura sem limites, com fogo por todo o corpo, Margarida Galvão, a bela jovem de 26 anos, morreu vitimada por queimaduras generalizadas. Seu corpo ficou irreconhecível.
A cidade inteira ficou perplexa com esse crime que abalou Itu. Décadas depois, ele ainda era comentado como se fosse recente.
Desde aquela época, o túmulo de Margarida Galvão  recebe milhares de visitantes, sendo que muitos zelam com carinho por sua sepultura e dizem que alcançam Graças, quando pedem pra ela.
Quanto ao senhor Leopoldo de Almeida, o marido ciumento, o assassino, desapareceu logo em seguida. Nunca foi encontrado, preso ou julgado por seu crime.
Já se passaram 99 anos, e Leopoldo com certeza está morto há muito tempo, enterrado em algum cemitério distante de Itu, talvez até em uma cova anônima, como indigente, muito distante da mulher que um dia ele amou e matou.
Eu sempre penso em Margarida Galvão. Penso com carinho, na vida toda que ela poderia ter tido pela frente, vida essa que nunca teve.
Algumas vezes também penso em Leopoldo e até rezo por ele... rezo para que queime no inferno. Para sempre!
 
 

ANDARILHOS DA MORTE


A primeira paulada acertou na cabeça. Abriu um corte profundo. O rapaz rodopiou e caiu. Não teve tempo de gritar, pois levou um violento chute na boca.
Cuspiu sangue. Começou a suplicar, mas foi castigado com mais pauladas, nos braços, nas pernas, nas costas e novamente na cabeça.
Sabendo que seria morto ali mesmo, reuniu suas últimas forças, rastejou um pouco e se levantou cambaleando. Olhou para seus agressores, e viu as expressões insanas dos três andarilhos a sua frente.
Eram eles, Sebastião Pereira da Silva, de 58 anos, Odilo Jorge da Silva, de 25, e Everaldo Manoel Nascimento, de 43.
Durante muito tempo, o rapaz, que estava sendo espancado, andou junto com aquele trio. Beberam juntos, dividiram esmolas, alegrias e sofrimentos, mas naquele momento, estava sendo espancado até a morte pelos ex-companheiros.
Já passava das 20horas, quando a discussão começou na rua Goiás, Bairro Brasil, bem em frente ao Senai.
Era noite de domingo, dia 10 de junho de 1984.
Pessoas que passavam por ali, não deram muita atenção ao quarteto de andarilhos, que discutiam entre si.
Parecia uma briga banal, provavelmente por bebida, ou um pedaço de pão a mais ou a menos, como é comum ocorrer.
Um dos andarilhos, que aparentava ter 30 anos, parecia estar sendo ameaçado pelos outros três, que repetiam ameaças.
A discussão progrediu. Um dos andarilhos tinha um enorme porrete de madeira nas mãos. O outro, uma velha faca de açougueiro, porém, muito bem afiada.
Quem estava nas proximidades, ouviu os gritos desesperados do andarilho ameaçado.
Cambaleando com muita dificuldade, ele implorou por clemência. Não teve.
Levou uma facada na barriga. Outra no peito, uma no pescoço e várias outras por todo o corpo. Caiu no chão, todo ensangüentado. Não teve mais forças para gritar ou clamar por socorro.
Mas, o instinto assassino de seus ex-companheiros ainda predominava. Os andarilhos da morte queriam mais sangue. Não iriam parar. Não, até que o rapaz estivesse morto.
Quando terminaram de dar chutes e pauladas, saíram correndo, tomando rumo ignorado, deixando para trás um cadáver ensangüentado, que um dia foi um companheiro.
Uma semana depois, um homem que viu os três andarilhos deixando a cena do crime, reconheceu os elementos na cidade de Salto.
Avisou imediatamente a polícia local, que deteve os suspeitos.
Ao serem avisados em Itu, os investigadores Dimas e Cruz foram até Salto, e trouxeram os três elementos para a cadeia local, onde confessaram o crime nos mínimos detalhes.
De acordo com Odilo, dono da faca usada no crime, eles assassinaram o amigo com requintes de crueldade, simplesmente porque o rapaz havia tentado furtar dele um velho radinho a pilha.
Espancaram o amigo violentamente, e depois o mataram a facadas e pauladas, por causa de um insignificante rádio.
Um crime tão patético e covarde, como seus próprios autores.
(Carlota)