terça-feira, 28 de agosto de 2007

O ESTRIPADOR DA RUA SANTA CRUZ

 
Em 1888, um misterioso assassino perambulou pelas ruas de Londres, Inglaterra, provocando pânico na população local.
 Com uma navalha afiadíssima, ele esquartejou várias prostitutas do imundo Distrito de Whitechapel, um bairro muito pobre de Londres.
 A identidade do assassino, bem como suas motivações, nunca foram descobertas, mas ele entrou para a história como “Jack, o Estripador”.
Treze anos depois, no início do século vinte, um outro assassino misterioso repetiu os feitos de Jack, do outro lado do Atlântico. Aqui em Itu, em uma das principais ruas da cidade.
 Antônia Carvalho de Oliveira, era uma linda mulata de 23 anos.
 Recém chegada do interior de Minas Gerais, ganhava a vida em Itu, se prostituindo em um dos inúmeros prostíbulos da Rua Santa Cruz. Morava no mesmo local de trabalho, com outras prostituas e uma velha cafetina, dona do lugar.
 Mulata alta, lábios carnudos, seios grandes e bunda enorme, começou a fazer sucesso na cidade desde o momento que chegou.
 Era a preferida de muitos fazendeiros, médicos, nobres e homens de dinheiro em geral.
 Foi numa noite fria, de 7 de julho de 1901, que o crime aconteceu.
 A prostituta saiu do bordel em que trabalhava e subiu a Rua Santa Cruz. Estava sozinha. Eram pouco mais de 2h da manhã.
 Segundo duas testemunhas que a viram, ela se encontrou com um sujeito estranho, no meio do caminho.
 Alto e forte, o homem usava chapéu e sobretudo preto. Parecia estar meio desconfiado, ou com uma certa preocupação, olhando de um lado para outro, para certificar-se de não estar sendo observado, contariam as testemunhas depois.
 Após alguns instantes, Antônia acompanhou o homem misterioso rua acima. Podia ser um de seus clientes, amantes, ou mesmo um estranho. Ninguém nunca vai saber.
 Aquela foi a última vez que a mulher foi vista com vida.
 No meio da madrugada, um morador das imediações ouviu gritos. Eram gritos de terror, de súplica, dor e medo.
 O morador hesitou por alguns momentos, antes de sair para ver o que estava acontecendo. Quando o fez, já era tarde demais.
 Quase no fundo da igreja Santa Rita, a prostituta estava atirada no chão, toda ensanguentada.
 As pernas estavam abertas de forma assustadora, como se tivesse sido estuprada com muita violência. Os olhos estavam escancarados, demonstrando pavor. Mas ela não estava enxergando mais nada. Estava morta. Assassinada com requintes de crueldade. Retalhada por uma navalha extremamente afiada. Uma de suas orelhas estava dependurada, quase arrancada. O seio esquerdo havia sido extirpado, sendo que o pedaço arrancado estava no chão, em uma poça de sangue.
 No abdômen, um corte profundo, efetuado com tanta precisão cirúrgica, que bastou apenas um, para arrancar sua vida.
 Sem deixar qualquer tipo de pista, ou o menor vestígio de sua identidade, o assassino desapareceu, para jamais ser encontrado.
 A família de Antônia reclamou o corpo e o levou para Minas Gerais, de onde a jovem saiu para ser brutalmente assassinada.
 A notícia do crime, que era pra ser amplamente divulgada nos jornais da época, causando grande impacto, misteriosamente foi abafada pela imprensa, sufocada, com a complacência da alta sociedade e da própria polícia. Por algum motivo obscuro, ninguém queria que o caso da prostituta retalhada desse polêmica. A repercussão sobre o crime aterrador, foi quase nula. Outro mistério. “Apenas uma prostituta morta”, como disseram na época.
 Ao contrário de seu antecessor inglês, que matou pelo menos cinco mulheres, o estripador de Itu, fez uma única vítima na cidade. Mas assim como Jack, ele também jamais foi descoberto. Outro crime que ninguém conseguiu, ou quis esclarecer.
 Quem era ele e por que matou a jovem, ninguém jamais viria a saber.
 Naquela fria madrugada de julho de 1901, a bela prostituta, que despertou tantas paixões e proporcionou prazeres sem limites aos poderosos de Itu, encontrou a morte bem pertinho da Igreja de Santa Rita.
 Morreu tão próxima da casa de Deus...
 Nas garras do próprio Diabo.