terça-feira, 28 de agosto de 2007

O último dia de um policial militar

Faltavam poucos minutos para as 15 horas, quando a viatura dos policiais militares, Jonas e Gusmão, avistaram dois elementos em atitudes suspeitas, em uma das ruas do Jardim Aeroporto.
Era dia 7 de fevereiro, de 1984.
Ao perceberem que seriam abordados pelos policiais, para uma averiguação de rotina, os dois rapazes saíram em disparada.
Fugiram em desespero, dando a entender que estavam escondendo alguma coisa.
Um deles adentrou um espesso matagal do bairro, e desapareceu logo em seguida.
O outro, identificado como Antonio Carlos, um jovem de 23 anos, já conhecido nos meios policiais, invadiu o quintal de uma residência, pulando pelo portão.
Decididos a capturar o suspeito, os dois policiais se dividiram. Jonas ficou cercando a frente da casa, enquanto seu parceiro Gusmão, foi pelos fundos, para tentar impedir a fuga.
Nesse meio tempo, a correria nas ruas atraiu a atenção de alguns populares.
Barbosa, um PM residente nas imediações, que naquele dia estava de folga, ao perceber a movimentação e se inteirar sobre os fatos, pegou sua arma e saiu em apoio aos companheiros.
De repente, vários tiros foram disparados no quintal da residência invadida.
Depois, veio o silêncio total. A expectativa.
Sem o menor aviso, de acordo com as testemunhas que presenciaram o fato na época, Antonio surgiu com seu revólver na mão, efetuando vários disparos contra os dois policiais que se encontravam na frente da casa.
Os dois PMs revidaram a altura.
De forma precisa, certeira e fulminante, Jonas e Barbosa acertaram o atirador, que tombou sem vida ali mesmo.
Imediatamente adentraram a residência à procura do amigo. Já era tarde demais.
O policial Gusmão, dono de uma ficha exemplar, bastante conhecido na cidade por sua educação, coragem e determinação, havia sido atingido por um tiro nas costas.
Mesmo sendo socorrido rapidamente até o hospital, já chegou morto.
Tão morto quanto seu próprio assassino, que não viveu mais de 5 minutos, após o crime.
Uma hora depois, sob o comando do tenente Ben-Hur, cerca de 50 policiais realizaram uma verdadeira caçada na cidade, a procura do segundo elemento envolvido na perseguição. Ele não foi encontrado.
Gusmão foi sepultado no dia seguinte a sua morte. Inúmeras pessoas lamentaram a perda.
Em um dos períodos mais violentos que a cidade de Itu atravessava, um dos melhores policiais perdia a vida. Era o preço a se pagar, para quem um dia jurou servir e proteger a qualquer custo. Um preço alto. Alto demais.
Duas semanas depois, um criminoso de alta periculosidade, procurado em todo o Estado de São Paulo, roubou um Del Rey em Sorocaba, trocou tiros naquela cidade e acabou chegando em Itu.
Na Rodovia do Açúcar, foi perseguido pelo Tático Móvel, dos policiais militares Giacomelli, Savassa, Domingues e Tempesta.
O nome do elemento era Alcidir Carlos Desidera. Seu maior erro naquele dia, não foi efetuar o roubo em Sorocaba.
Não, seu maior erro, um erro fatal, foi ter atirado nos policiais do tático.
Uma dos tiros que Desidera disparou, passou a 10 centímetros da cabeça de um dos PMs e atravessou o banco da viatura. Foi a gota d´agua.
O último erro que Desidera cometeu na vida.
Os policiais revidaram com vários disparos.
Uma das balas estourou a cabeça do criminoso. O Del Rey se perdeu e caiu em um abismo de 50 metros de altura. Desidera só saiu de lá em um saco plástico, horas depois.
Naquele trágico mês de fevereiro de 1984, a PM matou dois e perdeu um.
Dois pra policia, um para os criminosos.
Aquela batalha estava terminada.
Mas, a guerra... estava só começando.