terça-feira, 28 de agosto de 2007

O PADRASTO ASSASSINO

A vítima, um garoto de apenas 14 anos

Casa onde o crime ocorreu



A arma do crime


O assassino


Edílson de Freitas Rodrigues, tinha apenas 16 anos. Era um garoto muito querido e bem relacionado no bairro Portal do Éden, onde morava.
Gostava de estudar, tinha muitos amigos, não dava problemas em casa e até fazia alguns bicos para ajudar à mãe nas despesas domésticas.
Na madrugada do último sábado ( janeiro de 2006) esse menino foi assassinado, de forma violenta, covarde e traiçoeira, pelo homem que ajudou a criá-lo desde os 5 anos de idade.
O autor do assassinato: o próprio padrasto de Edílson, um homem que o menino o chamava carinhosamente de “pai”.
Na madrugada do último sábado teve início uma discussão na casa número 159, da rua Inácio Silveira de Moraes, no bairro Portal do Éden. A dona de casa, Arlete Freitas Rodrigues, de 34 anos, amásia de Antonio Nelson Cabral da Silva, vulgo “Cabral”, de 44 anos, disse para que ele fosse embora de casa, pois não queria mais continuar vivendo com ele. Já estavam juntos há 11 anos.
Além do casal, estavam na casa, Edílson, filho de Arlete, de um relacionamento anterior, e mais duas crianças, um menino de 3 anos e uma menina de 8, ambos filhos de Cabral com Arlete.
Antonio ouviu por alguns instantes Arlete falando que queria a separação, mas continuou calado. Não disse absolutamente nada. Arlete e as crianças foram dormir. A conversa parecia ter se encerrado ali mesmo.
Mas depois que as luzes de apagaram... teve início o terror.
Crime com requintes de crueldade
Eram quase 2 horas da manhã quando Arlete acordou em pânico, ouvindo os gritos apavorados do menino Edílson, que dormia no quarto ao lado.
Foi correndo em seu auxilio, mas no caminho, topou com Cabral. Ele estava todo sujo de sangue. Arlete partiu pra cima de Cabral, que o espancou violentamente.
Percebendo que a mulher não desistiria de passar por ele para ver o filho, Cabral, no extremo de sua covardia, pegou a própria filha de 8 anos como refém e ficou segurando a menina pelo pescoço, ameaçadoramente: “Se você pedir ajuda, vou machucar a menina. Edílson está bem, eu só quebrei o nariz dele”, falava o maníaco.
Mantendo a menina em seu poder, Cabral foi conduzindo Arlete até a cozinha. Durante uma hora, Arlete foi torturada pelo maníaco, que exigia que ela o beijasse se quisesse ver o menino no outro quarto. Ela se recusava, e era ameaçada junto com a filha pelo maníaco. Cabral entrou no quarto, após uma hora de tortura, e constatou que o menino aparentemente já estava morto.
Apavorada, a menina de 8 anos, saiu correndo sozinha pela madrugada, em busca de ajuda. Chegou na casa da tia (irmã de Cabral) Zilda de Menezes Silva, 52 e pediu ajuda.
A tia chegou no local com a menina, a tempo de ver Cabral, já trocado de roupas, saindo e dizendo para Arlete “agora você ficou sem os dois homens da casa”.
O corpo de Edílson estava estendido em uma poça de sangue do quarto. Foi retalhado a facadas por Cabral. O maníaco desferiu tantas facadas no menino, que em um dado momento, a faca até se quebrou.
Os policiais militares Chiarelli e Simões, foram acionados para comparecer ao local. Ao chegarem na casa, encontraram o menino caído perto da cama com diversos ferimentos, e como ainda havia sinais vitais, chamaram uma ambulância.
Edílson foi socorrido por uma ambulância municipal e levado para o PAM da Vila Martins. Mas era tarde demais. O menino já estava morto.
A PM fez diligencias pelo bairro e imediações, mas não encontrou Cabral, que saiu de casa com apenas 20 reais, de acordo com a própria Arlete.
Assassino já praticou crime semelhante
Antonio Nelson Cabral da Silva, vulgo “Cabral”, de 44 anos, é um homem extremamente perigoso. Não por ser forte, corajoso, ou algo do tipo. Não, ele não é nada disso. O que o torna perigoso é o fato dele ser um psicopata, covarde e traiçoeiro, que mata, quando é rejeitado por mulheres.
Em 1990, antes de conhecer Arlete, Cabral era casado com uma outra mulher. Um dia, essa mulher disse que não queria mais prosseguir com o relacionamento. Pagou um preço alto por sua decisão.
Querendo ferir a mulher, Cabral armou-se com um revólver e atirou no pai e no tio da esposa.
Acabou sendo preso, e o julgamento levou muitos anos para ocorrer. Quando finalmente foi condenado (ele já vivia com Arlete nessa época) cumpriu uma certa pena, passando por umas quatro penitenciárias, mas posteriormente foi beneficiado com prisão em regime semi-aberto (um absurdo!). Durante o entra e sai das penitenciárias, Cabral acabou fugido do CDP de Belém, em São Paulo, no dia 03/09/2004 e voltou para casa por conta própria, tornando-se um procurado da justiça.
Cabral zomba da Polícia ituana
Desafiando a polícia da cidade, Cabral retornou na casa onde cometeu o crime na noite seguinte. Arlete não estava em casa. Ele pegou outra faca, documentos pessoais e saiu tranqüilamente do local.
A reportagem da Folha trabalhou nesse caso o final de semana inteiro, e soube que Cabral, estava escondido no próprio bairro. “As pessoas estão vendo ele por aí. Ele se esconde durante o dia e à noite anda pelas ruas aqui do bairro. Ele até comentou com um conhecido nosso, o crime que cometeu”, declarou Zilda, irmã, do assassino.
Pelo fato do número de investigadores de Polícia em Itu ser muito pequeno (para não dizer ridículo), um assassino previsível e sem recursos como Cabral poderia estar atrás das grades poucas horas após o crime, se polícia tivesse mais recursos e uma equipe para caçá-lo no final de semana, já que ele estava “marcando” pelo bairro.
Polícia Militar captura o carniceiro
Seria um absurdo, não, seria inconcebível, um maníaco continuar andando livremente por aí, com uma faca afiada, após retalhar um garoto, em uma cidade do interior, com mais de 200 guardas municipais e mais de 100 policiais militares.
Prender o carniceiro não era só obrigação da polícia, era uma questão de honra.
Por volta das 11h20 de segunda-feira, a polícia militar recebeu uma denuncia anônima de que um indivíduo com as características de Cabral, estaria caminhando pela Rodovia SP 79. Os policiais sargento Furlan e a policial feminina Fasolin, foram averiguar a denúncia.
Próximo da empresa HDL, os dois policiais avistaram um elemento cujas características coincidiam com as que lhe foram passadas.
Assim que abordaram o suspeito ele admitiu ser Cabral, mas ele não pretendia ser preso.
Ele estava determinado a resistir a prisão.
Desafiando novamente a polícia, Cabral, que inclusive estava com as mesmas roupas que vestiu após o homicídio, saiu correndo rumo a um matagal antes que pudesse ser preso. Os dois PMs o perseguiram a pé.
Não tinha mais dúvidas sobre a identidade do suspeito.
Cabral já tinha tomado uma certa distancia dos policiais, e provavelmente não iria ser pego. No momento em que os policias deram ordem para ele parar, Cabral levou a mão dentro da calça, como se estivesse manuseando algo, que poderia ser uma arma.
Os PMs já haviam sido informados que o homicida poderia estar armado, e como já havia matado uma criança, não iria pensar duas vezes para atentar contra os policiais.
Ciente de que sua parceira ou ele próprio poderiam ser atingidos, caso Cabral sacasse uma arma, já que ameaçava pegar uma, o sargento Furlan fez um disparo de advertência, direcionando a arma para o chão. A bala acabou atingindo a perna do maníaco, que só então foi detido pelos policiais.
Imediatamente os dois policiais solicitaram apoio de outro viatura, e logo em seguida os PMs Simões e Chiarelli chegaram ao local e ajudaram a socorrer o assassino, que foi levado ao Hospital Sanatorinhos.
Medicado, foi liberado pouco depois, pois o tiro não foi grave.
Cabral, o carniceiro que matou uma criança inocente, foi apresentado para o delegado doutor Góes no 4º Distrito Policial (Cidade Nova).
No DP, foi levantado que Era procurado pela tentativa de homicídio, que cometera anos antes.
Depois que o escrivão Cláudio Henrique Martins terminou a elaboração do Boletim de Ocorrência, o delegado doutor Góes autuou Cabral por homicídio qualificado e mandou o assassino para o CDP de Sorocaba.
Tendo em vista o crime hediondo que cometeu contra uma criança, Cabral, o carniceiro do Portal do Éden não deverá ser bem recebido pelos presos do local para onde foi mandado.