terça-feira, 28 de agosto de 2007

O DIA EM QUE MARGARIDA GALVÃO FOI CRUELMENTE ASSASSINADA
 
Na quadra número 2, sepultura 51 e 52 do Cemitério Municipal de Itu, está enterrado ao lado de sua esposa e um de seus filhos, o ex tenente do Exército, Donato Massa. Ele nasceu no dia 28 de setembro de 1902 e morreu no dia 19 de setembro de 2000, nove dias antes de completar 98 anos.
Ele era provavelmente, a última ou uma das últimas pessoas vivas a lembrar-se com clareza dela. Era conhecido da vítima.
Foi ele quem mandou construir a pequena capela localizada no meio da quadra 11, do mesmo cemitério, onde ela está enterrada até hoje.
Margarida Galvão! Esse era seu nome. Ela  tinha 26 anos, quando ela morreu de forma trágica. Donato nunca se conformou com a morte dela. Contou e recontou a história de Margarida Galvão, durante toda sua vida, e hoje, repousa a menos de trezentos metros dela.
Nascida e criada em Itu, Margarida era uma das mais belas mulheres da cidade no início do século vinte.
Simpática, atraente e muito educada, despertava o interesse de muitos homens.
Um dia cometeu o maior erro de sua vida. Entregou seu coração para Leopoldo de Almeida, um homem tão apaixonado quanto violento.
Casaram, mas nem de longe foram felizes para sempre.
Leopoldo trabalhava durante o dia, enquanto Margarida cuidava da casa. Se ela realmente o amava ninguém nunca  saberá. Diziam que sim. Mas, da parte de Leopoldo, nunca houve dúvidas.  Seu amor por ela beirava a obsessão. Possessivo, vivia tendo crises de ciúmes da mulher. Inúmeras vezes se desentenderam por esse motivo. As brigas foram ficando cada vez mais frequentes e violentas durante o pouco tempo em que foram casados.
Leopoldo achava que todos queriam sua esposa, que por sinal, sempre lhe respeitou e foi fiel. Tinha medo de perdê-la a qualquer momento. Não podia nem mesmo considerar essa possibilidade. A mulher era tudo pra ele. Por ela, ele estava disposto a matar ou morrer. Principalmente matar.
Margarida nunca levou uma vida fácil ao lado do homem com quem aceitou viver na tristeza e na alegria, na saúde e na doença.
Provavelmente, durante as inúmeras brigas do casal ela era ameaçada de morte pelo companheiro.
Talvez ela acreditasse, talvez não, seja como for, se um dia ele ameaçou matá-la, realmente cumpriu a promessa.
Foi de forma cruel, sádica e perversa. Um crime macabro, praticado por um monstro assassino.
Era dia 17 de julho de 1916. Por ciúmes, como já era de se esperar, Leopoldo havia brigado com a mulher novamente. Mas desta vez foi pior.
Depois de uma violenta discussão com a esposa, que provavelmente culminou em agressões físicas, Leopoldo jogou querosene por todo o corpo dela, e em seguida... ateou fogo. Os gritos da mulher com o corpo em chamas, não o comoveram. Ele não fez nada, apenas ficou olhando enquanto ela se debatia inutilmente tentando apagar as chamas que derretiam sua carne e a matavam de forma dolorosa.
Após uma tortura sem limites, com fogo por todo o corpo, Margarida Galvão, a bela jovem de 26 anos, morreu vitimada por queimaduras generalizadas. Seu corpo ficou irreconhecível.
A cidade inteira ficou perplexa com esse crime que abalou Itu. Décadas depois, ele ainda era comentado como se fosse recente.
Desde aquela época, o túmulo de Margarida Galvão  recebe milhares de visitantes, sendo que muitos zelam com carinho por sua sepultura e dizem que alcançam Graças, quando pedem pra ela.
Quanto ao senhor Leopoldo de Almeida, o marido ciumento, o assassino, desapareceu logo em seguida. Nunca foi encontrado, preso ou julgado por seu crime.
Já se passaram 99 anos, e Leopoldo com certeza está morto há muito tempo, enterrado em algum cemitério distante de Itu, talvez até em uma cova anônima, como indigente, muito distante da mulher que um dia ele amou e matou.
Eu sempre penso em Margarida Galvão. Penso com carinho, na vida toda que ela poderia ter tido pela frente, vida essa que nunca teve.
Algumas vezes também penso em Leopoldo e até rezo por ele... rezo para que queime no inferno. Para sempre!